Esta é a versão integral de uma entrevista a Eduardo Morais, o autor de Uivo, documentário sobre António Sérgio a rodar este ano, e que serviu de base a um artigo publicado na edição de 26 de janeiro do DN.
Como nasceu a ideia de fazer um filme sobre António Sérgio?
No Verão de 2009, quando comecei a pensar no meu primeiro documentário, Meio Metro de Pedra, o António Sérgio era um dos interpretes que tinha em mente para dar o seu testemunho. Ao longo da posterior pesquisa e rodagem para o mesmo, esta homenagem sempre me ficou debaixo da língua. Já nos últimos meses, tenho vindo a tentar pesquisar mais sobre o radialista do que a mera biografia e é uma verdade que pouco ou nada existe sobre ele. Como é uma personalidade por quem tenho uma empatia com a ética de trabalho, decidi abordar a Ana Cristina Ferrão sobre a minha vontade de fazer um documentário que o homenageasse.
Como está a procurar assegurar o financiamento?
O financiamento para este documentário será assegurado através de uma campanha de crowdfunding. O crowdfunding é uma espécie de financiamento colectivo, ou uma “vaquinha online”, onde se estabelece um valor para um projecto ser concretizado, e os apoiantes que contribuem são recompensados mediante o valor do seu apoio. A campanha para o Uivo está no ar desde o passado dia 14 de Janeiro (data de aniversário do António Sérgio) aqui.
O que espera poder mostrar no filme?
Neste documentário tentarei mostrar todo o resultado da minha busca de informação sobre o António Sérgio e irei retratar de um modo mais fiel possível a sua vida, tanto profissional como pessoal.
Vai contar com sons e / ou imagens de arquivo (ou de filmes de família)?
O António Sérgio nunca foi muito dado a entrevistas para a televisão, portanto o suporte vídeo para arquivo será colmatado com homenagens criadas por ilustradores e animadores de todo o país. Quanto a fotografias, artigos, capas em que o Sérgio esteve envolvido, à suas indispensáveis locuções, farão certamente parte do complemento às entrevistas.
Vai usar entrevistas?
Quando falamos de um documentário de música, é sempre difícil fugir ao formato “entrevista - imagem de arquivo”. Sendo este um documentário focado apenas numa personalidade, a margem de criatividade estende-se um pouco mais. Abordarei cerca de 40 entrevistados, desde radialistas, jornalistas, músicos, amigos e familiares para que dar o seu testemunho sobre a relação e a história do António Sérgio.
Era ouvinte dos seus programas?
Tenho apenas vaga ideia de ouvir algumas emissões da Hora do Lobo, pois passava na Comercial.
Que memórias mais caras guarda dele?
Tenho apenas a noção de lhe ter começado a dar o devido mérito quando comecei a pesquisa para o Meio Metro de Pedra, e me apercebi da enormidade de bandas nacionais que o António Sérgio auxiliou, e internacionais que desvendou.
Descobriu algumas músicas em particular nas suas emissões?
Há que perceber que tenho apenas 27 anos, que a Radar não “chegava” às Caldas da Rainha, e em termos de crescimento musical, tanto eu como a grande maioria atenta da minha geração já vê a internet como uma Mina de São Domingos.