segunda-feira, janeiro 20, 2014

Novas edições:
Patrick Cowley, School Daze

Patrick Cowley
“Scool Daze”
Dark Entries
4 / 5

Foi um dos mais importantes pioneiros na construção de uma relação entre as eletrónicas e as pistas de dança, com presença sobretudo determinante na definição de descendências do 'disco' que emergiram entre Nova Iorque e, sobretudo, São Francisco, em finais dos anos 70 e inícios dos 80, ganhando então a designação de hi-nrg. Autor de algumas pérolas maiores da música de dança desse tempo, muitas delas na voz de Sylvester (com quem colaborou ativamente), Patrick Cowley criou também uma obra a solo, que se revelou nos álbuns Magatron Man (1981), Menergy (1981) e Mind Warp (1982), este último já criado numa etapa avançada da doença (seria, em finais de 82, uma das primeiras vítimas de sida entre o mundo da música). Algo esquecido durante anos, Patrick Cowley ganhou um merecido estatuto de referência quando, além de citados por nomes como os Pet Shop Boys ou New Order, os cultores do space disco (em particular Lindstrom) o redescobriram já depois da viragem do milénio. O reencontro com a sua obra começou por se fazer em reedições, às quais se começaram a juntar, depois, compilações de material inédito. Foi o caso, em 2009, de Catholic, álbum que juntou gravções de arquivo registadas na segunda metade dos anos 70, juntamente com Jorge Socarras. School Daze, o “novo” disco, é novo resultado de descobertas de arquivo. Na verdade este álbum nasceu da localização, nos armazéns de uma produtora de cinema porno gay, de fitas com a música que Patrick Cowley tinha criado para utilização em filmes desse estúdio de Los Angeles. Contactado em 1981 para criar música para estes filmes, Cowley juntou fitas de gravações suas, algumas dos seus dias de estudante universitário. Nomes como Wendy Carlos, Tomita ou Giorgio Moroder são inevitavelmente aqui apontados como referência, e revelam neste lote de temas instrumentais algumas experiências que transcendem mesmo os espaços mais próximos da forma da canção que entretanto levara já aos seus discos. Há aqui um maior sentido de liberdade e aventura, em alguns casos acentuando o que já conhecíamos do pioneirismo de Patrick Cowley na construção de uma relação entre as eletrónicas e formas que o techno e outros espaços desenvolveriam pouco depois. A música que aqui se escuta resulta de gravações criadas entre 1973 e 81 e em grande parte decorre de trabalhos usados nos filmes Muscle Up e School Daze. E tal como entre algumas das edições póstumas de Arthur Russel temos descoberto novas ideias e visões, entre estas investidas pelas memórias de arquivo de Patrick Cowley estamos a criar um retrato mais fiel e completo de um nome que merece ser apontado entre os mais influentes nessa etapa em que as eletrónicas ganharam outras asas...