quarta-feira, dezembro 04, 2013

Novas edições:
Sebastien Tellier, Confection

Sebastien Tellier
“Confection”
Record Makers
3 / 5 

Figura nascida do panorama indie francês da última década (capaz de entender igualmente as importantes heranças das vivências eletrónicas), Sébastien Tellier protagonizou um momento de “choque” quando, em 2008, representou a França na Eurovisão cantando Divine, canção que integraria em Sexuality, álbum que lançou no mesmo ano. Com a magra soma de 47 pontos, acabando em 19º lugar (entre 25 candidatos) – destino triste para uma das muito poucas canções verdadeiramente interessantes que o concurso revelou depois do ano 2000 – Téllier regressou de Belgrado (onde decorreu a final desse ano) decidido a continuar o seu percurso. Estigma ou não, a verdade é que o seu perfil internacional não voltou a ser o mesmo desde então. Após algum silêncio começou por se mostrar de novo em música para cinema, regressando aos discos em 2012 com My God Is Blue, álbum que ocasionalmente lançava pistas de uma atitude que agora caractecteriza a totalidade do alinhamento deste novo Confection. Essencialmente instrumental – abrindo pontualmente o espaço à canção, integrando mesmo o single L'Amour Naissent, de 2001 – o novo disco revela um interesse pela criação de peças mais próximas da lógica de uma música para cinema que das mais tradicionais formas visitadas pela canção pop. Há aqui marcas de um interesse pela revisitação de um sentido de romantismo que ecoa memórias dos anos 60 e 70. Cordas, eletrónicas e até mesmo uma guitarra clássica desenham pequenos quadros que carregam heranças de nomes que vão de um John Barry a um Paul Muriat. Falta-lhes talvez o sentido de visão mais pessoal que fez de alguns instrumentais do belo Moon Safari (1998) dos Air um disco determinante na história destes diálogos entre o passado e um presente que não se esgota na citação e na nostalgia. É um disco romântico, elegante, embora sem fazer muito mais que uma reunião de suaves instantes com afinidade entre si. Vai passar a leste dos focos de interesse hipster do momento. Mas também não parece muito interessado em cativar atenções para esses lados.