Foi importante fazer o casting? É um filme de personagens.
Sim, foi um momento decisivo para fazer o filme, porque era preciso que encontrasse as atrizes que pudessem habitar as personagens. A Leya Seyudoux pertence a este meio que é descrito no filme. Um meio mais intelectual, mais cultural, com códigos culturais diferentes do de Adèle. Essa é da classe proletária. A escolha das atrizes partiu de uma busca por essa correspondência entre as personagens e quem as faria. Não é uma regra. Podemos usar atores que não tenham forçadamente de ser burgueses para interpretar burgueses ou proletários para fazer de proletários. Mas pensei que ia ajudar a percepção dessas diferenças sociais.
E como trabalharam a criação das personagens?
Falei muito com elas. Houve uma longa preparação mas não foram muitos os ensaios. Ao contrário de outros filmes, onde ensaiei muito, aqui usei a rodagem para fazer os ensaios. Daí a rodagem ter durado mais tempo. Os dias de rodagem muitas vezes eram dias de ensaio.
E daí as críticas das atrizes?
Cada um tem a sua visão do cinema. Mesmo tendo em conta a visão dos outros... .
O título refere as partes 1 e 2 de uma história. Quer isso dizer que haverá uma parte 3 e talvez 4?
Espero filmar esta personagem aos 30, aos 40 anos... Aos 50... Um destino.
É uma ideia para pôr em prática para já ou antes um projeto para mais tarde?
Sim, não será para agora. É cedo para voltar a estas personagens.
Uma visão como a de Truffaut com os filmes sobre Antoine Doinel?
Sim. Esperou para que a personagem se desenvolvesse. Evoluísse.
Será importante ter as mesmas atrizes ou apenas as personagens?
Talvez mais a ideia do filme. A personagem existe com a Carol Frank [em A Esquiva]. Vimo-la no seu passado. E não sei como existirá, mas gostaria de continuar com esta personagem.
(continua)