Com pequenas câmaras (mas sem delas fazer depois um corpo coeso como o que também este ano vimos no verdadeiramente assombroso e mais cinematográfico Leviathan), o realizador entra nas colmeias, espreita favos e movimentos das abelhas. Encontra pelo mundo fora, entre propriedades na Califórnia, ilhas junto à costa australiana, terrenos rurais na China ou nas montanhas da Áustria, casos distintos, desde visões mais “tradicionais” de apicultura a expressões de impressionante dimensão industrial. Vemos abelhas e mais abelhas, tratadas nestes últimos casos com os mesmos modos de indiferença das coisas em grande escala com que lembro os pintainhos em tapetes rolantes que tantos (justamente) impressionaram em Baraka, de Ron Friecke. Vemos doenças que surgem, de ácaros a disfunções nas colónias. Vemos estirpes mais dóceis e outras mais violentas (e resistentes)... Vemos favos, vemos mel. Vemos pólen e polinizações. Escutamos profissionais e empresários. Mas no fim nem ficamos a saber exatamente porque estão a desaparecer as abelhas (parecendo apenas claro que em alguns casos as colónias foram artificialmente aumentadas para exploração a nível industrial). Nem vemos que possa haver explorações de apicultura de outro teor. Afinal, o que não se mostra num filme por vezes é tão marcante como o que fica na imagem... Abelhas e Homens é um feito técnico e fotográfico. Mas é narrativamente desarrumado e perde o fio à meada. Ou não o quis ter?...
sexta-feira, novembro 29, 2013
Este mel não me convenceu...
Albert Einstein terá dito que, se as abelhas desaparecessem da face da Terra, a humanidade teria apenas mais quatro anos de existência... “Se as abelhas desaparecessem?...” é a premissa que parece ser lançada pelo documentário de Markus Imhoof Abelhas e Homens, que acaba de ter edição em DVD. O filme acaba todavia ser dar respostas... De resto, este é um claro exemplo de como um conjunto impressionante de imagens, de histórias e situações, de boa direção de fotografia e outros primores técnicos, acaba contudo por ser uma oportunidade perdida.