sexta-feira, outubro 18, 2013

Um ano pela selva...

Estreado na Berlinale em 2012 e já com passagem pelo nosso circuito de salas, Cativos é o filme mais atípico da obra do realizador Brillante Mendoza. E também o mais desconcertante que já nos apresentou.

Durante anos o que conhecíamos do cinema filipino quase que se esgotava nos filmes de Lino Brocka. Mas em meados da primeira década do século XXI, filmes como ‘Massahista’ de Brillante Mendoza ou ‘The Blossoming of Maximo Oliveros’ de Auraeus Solito, cativaram atenções. E de então para cá coube ao primeiro destes dois realizadores a fatia maior de visibilidade internacional, sobretudo por filmes como ‘Lola’, ‘Kinatai’ e o belíssimo ‘Serbis’.

‘Cativos’ assinalou uma tentativa de partida para um patamar diferente, com um orçamento mais desafogado e, pela primeira vez, um nome de primeiro plano a encabeçar o elenco: a atriz Isabelle Huppert. O filme parte de factos verídicos: o rapto em Dos Palmas e a tomada de reféns pelo grupo radical islâmico Abu Sayyaf. Durante um ano reféns e captores caminharam entre a selva, sanguessugas, chuvadas e cobras. O filme acompanha essa longa jornada pela selva, retratando as relações e histórias do quotidiano sem maniqueísmos, no fundo mostrando como captores e raptados fazem um grupo, o que os separa sendo apenas o poder (das armas) dos primeiros sobre os segundos.

Caminhando com o grupo entre a selva, a câmara de Brillante Mendoza segue sobretudo o desconforto de um dia a dia ao relento e o horror de meses a fio vividos em cativeiro. Secundariza contudo os motivos que justificam o rapto e reduz quase todas as personagens a meras presenças, exceção para, naturalmente, a missionária católica francesa que Huppert interpreta.