sexta-feira, outubro 18, 2013

Novas edições:
The Orb, History Of The Future


The Orb
“History Of The Future”
Commercial Marketing
3 / 5


Uma das mais interessantes “ressacas” da explosão de acontecimentos gerada pela cultura house em finais dos anos 80 foi o surgimento de uma música que, sem perder o viço e as revelações formais recentes levantadas pelos ecos da house, procurou definir um ponto de diálogo com os domínios da música ambiental. Houve até quem então, naquele hábito herdado dos naturalistas, resolvesse arrumar este espaço sob a designação ambiente house. Entre os casos que ali floresceram, e que envolveram nomes como os 808 State, Orbital, The KLF (apenas sobre o seu álbum de estreia), Pete Namlook ou, mais tarde, Aphex Twin ou The Future Sound of London, este espaço colocou em cena os The Orb. Dupla constituída pelo DJ e produtor Alex Patterson e por Jim Cauty (também elemento dos KLF), surgiram em finais dos anos 80, procurando investigar espaços possíveis de afloramento de ideias nascidas da cultura house segundo trilhos comuns a experiências originalmente lançadas por Brian Eno e seus herdeiros naturais. Editado em 1991, o álbum de apresentação The Orb’s Adventures Beyond The Ultraworld tornou-se rapidamente num paradigma de referência, marcando não só o seu tempo (e demais cultores de ideias em comum) mas influenciando igualmente os terrenos ao seu redor. O disco explorava expressões diretamente assimiladas da cultura house (e de linguagens electrónicas do momento), ensaiando diálogos com formas como o dub e técnicas de corte e colagem então na ordem do dia. Além de um marco na história da música que então se escrevia, o álbum gerou um fenómeno considerável de adesão e fez dos The Orb um relativo caso de popularidade (chegando mesmo a gerar digressões de alguma expressão e até mesmo a edição de um álbum ao vivo em 1993), que manteve a discografia que se seguiu sob alguma atenção generalizada. Mais de 20 anos depois, a restante obra dos The Orb é coisa algo datada e talvez pouco capaz de justificar atenções maiores. Mas o álbum de estreia tornou-se referência. E acaba por ser parte significativa desta antologia que recupera grande parte dos singles lançados entre 1989 e 2001, juntando ainda um tema do alinhamento de Cydonia e ainda uma mão cheia de remisturas. Pode ser um bom ponto de partida para a (re)descoberta dos The Orb e do próprio ambiente house. Mas não substitui em nada o álbum de estreia (esse sim, um clássico dos noventas).