Silent Youth
(Sala Manoel de Oliveira, 17.15)
Todas as histórias têm um começo (independentemente do desfecho que possam vir a conhecer mais cedo ou mais tarde). E Silent Youth é, acima de tudo, um olhar sobre o momento em que tudo começa. O primeiro cruzar de olhares, os passos que se aproximam, as primeiras palavras que se trocam. E, sobretudo, o silêncio que tacteia o espaço entre ambos e que observa o outro, à espera da palavra seguinte (que tantas vezes não se imagina exactamente qual será)...
Três anos depois da sua primeira longa-metragem – Human Kapital – o realizador alemão Diemo Kemmesies apresenta agora em Silent Youth a história de um primeiro encontro que toma a cidade de Berlim como cenário (sem procurar de todo os “postalinhos” que o turismo costuma referir). Entre a vastidão desolada da estação de metro ao ar livre de Warschawer Strasse, as margens do Spree ou a pista abandonada do aeroporto de Templehof cruzam-se e descobrem-se Marlo (interpretado por Martin Buchmann) e Kirill (Josepf Mattas). O primeiro está de visita a uma amiga que vive na cidade, o segundo é um estudante de ascendência russa. Cruzam-se ao princípio de uma noite na rua, trocam primeiras palavras junto aos comboios um pouco mais tarde e conversam, entre silêncios, até que chega a manhã seguinte, um telefone trocado já a sair do metro a deixar no ar se haverá ou não um segundo episódio...
O realizador, que assina também o argumento, centra o foco das suas atenções no modo como Marlo e Kirill se descobrem um ao outro. Dois estranhos numa terra que ambos estranham. Inadaptados, sonhadores e amantes, como os descreve o realizador. Uma descoberta que se faz sem pressa, entre receios e assombrações (cada qual com as suas), a solidão que os envolve nas altas horas da madrugada berlinense deixando-os a sós (e a nós com eles). - ver aqui ficha e trailer no site
O Carnaval é um Palco, a Ilha uma Festa
(Sala 3, 19.15)
Todas as histórias têm um começo (independentemente do desfecho que possam vir a conhecer mais cedo ou mais tarde). E Silent Youth é, acima de tudo, um olhar sobre o momento em que tudo começa. O primeiro cruzar de olhares, os passos que se aproximam, as primeiras palavras que se trocam. E, sobretudo, o silêncio que tacteia o espaço entre ambos e que observa o outro, à espera da palavra seguinte (que tantas vezes não se imagina exactamente qual será)...
Três anos depois da sua primeira longa-metragem – Human Kapital – o realizador alemão Diemo Kemmesies apresenta agora em Silent Youth a história de um primeiro encontro que toma a cidade de Berlim como cenário (sem procurar de todo os “postalinhos” que o turismo costuma referir). Entre a vastidão desolada da estação de metro ao ar livre de Warschawer Strasse, as margens do Spree ou a pista abandonada do aeroporto de Templehof cruzam-se e descobrem-se Marlo (interpretado por Martin Buchmann) e Kirill (Josepf Mattas). O primeiro está de visita a uma amiga que vive na cidade, o segundo é um estudante de ascendência russa. Cruzam-se ao princípio de uma noite na rua, trocam primeiras palavras junto aos comboios um pouco mais tarde e conversam, entre silêncios, até que chega a manhã seguinte, um telefone trocado já a sair do metro a deixar no ar se haverá ou não um segundo episódio...
O realizador, que assina também o argumento, centra o foco das suas atenções no modo como Marlo e Kirill se descobrem um ao outro. Dois estranhos numa terra que ambos estranham. Inadaptados, sonhadores e amantes, como os descreve o realizador. Uma descoberta que se faz sem pressa, entre receios e assombrações (cada qual com as suas), a solidão que os envolve nas altas horas da madrugada berlinense deixando-os a sós (e a nós com eles). - ver aqui ficha e trailer no site
O Carnaval é um Palco, a Ilha uma Festa
(Sala 3, 19.15)
No princípio era uma instalação. Oito projecções, cruzando uma ideia de antropologia visual com criação artística, a ideia nasceu como uma vídeo-instalação no Museu Nacional de Etnologia, mais tarde patente no Museu de Angra do Heroísmo.
Rui Mourão partiu para a ilha Terceira em busca de histórias, figuras e imagens de danças de carnaval com tradição centenária. A sua origem nos tempos é remota, mas difícil de precisar, havendo quem as tome como provavelmente contemporâneas dos autos vicentinos. Em tempos idos a festa fazia-se nas ruas, hoje são pequenos palcos que a recebem. O certo é que, durante quatro dias, a ilha se transforma e “a festa faz esquecer a tristeza”. Há taxistas que se revelam dramaturgos, um padre que é actor, e lavradores que vestem as mais diversas peles, mesmo tendo estado poucas horas antes a ordenhar as vacas.
Entre as muitas personagens que ali se vestem há figuras femininas interpretadas por homens. De resto, em tempos, aquele era o momento do ano em que muitos homens com vida heteronormativa se depilavam, usavam saltos, vestidos. Mas nem só do vestir de um género diferente vivem estes bailinhos, sendo também frequente a representação de homossexualidade. Há quem a descreva como servindo de motivo de chacota. Humor popular… Há quem defenda que não há intenções de ferir as susceptibilidades de ninguém.
Mas a câmara (e as perguntas) de Rui Mourão, sem deixarem de focar o retrato da festa que ali foram procurar, atentam nestes factos, nestas visões diferentes. Uma entusiasta do carnaval na Terceira, que acompanha quase todo o filme, lembra que a ilha é conhecida por ter uma expressiva comunidade gay e lésbica (e já com alguns casamentos celebrados desde que a lei o permite). O confronto entre a realidade do presente e as formas de retratar afirmações diferentes de género e de sexualidade acabam por se revelar uma das forças maiores deste filme. - ver aqui ficha e trailer no site
Rui Mourão partiu para a ilha Terceira em busca de histórias, figuras e imagens de danças de carnaval com tradição centenária. A sua origem nos tempos é remota, mas difícil de precisar, havendo quem as tome como provavelmente contemporâneas dos autos vicentinos. Em tempos idos a festa fazia-se nas ruas, hoje são pequenos palcos que a recebem. O certo é que, durante quatro dias, a ilha se transforma e “a festa faz esquecer a tristeza”. Há taxistas que se revelam dramaturgos, um padre que é actor, e lavradores que vestem as mais diversas peles, mesmo tendo estado poucas horas antes a ordenhar as vacas.
Entre as muitas personagens que ali se vestem há figuras femininas interpretadas por homens. De resto, em tempos, aquele era o momento do ano em que muitos homens com vida heteronormativa se depilavam, usavam saltos, vestidos. Mas nem só do vestir de um género diferente vivem estes bailinhos, sendo também frequente a representação de homossexualidade. Há quem a descreva como servindo de motivo de chacota. Humor popular… Há quem defenda que não há intenções de ferir as susceptibilidades de ninguém.
Mas a câmara (e as perguntas) de Rui Mourão, sem deixarem de focar o retrato da festa que ali foram procurar, atentam nestes factos, nestas visões diferentes. Uma entusiasta do carnaval na Terceira, que acompanha quase todo o filme, lembra que a ilha é conhecida por ter uma expressiva comunidade gay e lésbica (e já com alguns casamentos celebrados desde que a lei o permite). O confronto entre a realidade do presente e as formas de retratar afirmações diferentes de género e de sexualidade acabam por se revelar uma das forças maiores deste filme. - ver aqui ficha e trailer no site