Foto: Vitor Nomoto/I Hate Flash |
Iniciamos hoje a apresentação de alguns dos textos que enviei do Rio de Janeiro em reportagem de cobertura da edição deste ano do Rock in Rio no Brasil. E começamos com aquele que recorda o melhor concerto que vi e que foi originalmente publicado no DN online a 16 de setembro com o título 'E o melhor concerto foi o de... Justin Timberlake'
Se alguém entre os 85 mil que ontem enchiam a Cidade do Rock no Rio de Janeiro duvidasse ainda do facto de ser Justin Timberlake um dos grandes vultos da música pop do nosso tempo, certamente terá deixado essa questão arrumada na hora de regressar a casa. Eram quase duas e meia da manhã e, depois de um alinhamento notável - daquele que foi claramente o melhor concertos destes três primeiros dias do Rock in Rio - a sucessão de três canções que o cantor guardara para a despedida não deram tréguas. O bem balançado "Suit & Tie", o belíssimo "Mirrors" e o irresistível "Sexy Back" fecharam em tom de festa um concerto de primeira água que deixou claro que, mais que ser uma estrela pop, Justin Timberlake é mesmo alguém que acima de tudo procura uma visão musical.
É entre os caminhos do funk, da música soul e ecos da cultura hip hop que o músico norte-americano está a definir aos poucos uma obra da qual o concerto no Rio de Janeiro foi importante espelho. Ao palco não levou nem vídeos nem pirotecnias, apostando essencialmente num trabalho conjunto com os músicos (e eram vários, incluindo uma bela secção de metais) e com os bailarinos com os quais partilhou vários momentos de dança que todavia nunca se sobrepuseram ao foco que deixou sempre claro na mira das suas atenções: as canções.
De guitarra a tira-colo entrou em palco ao som de "Like I Love You", canção de "Justified", aquele que em 2002 foi o seu álbum de estreia a solo. A viver um momento de pausa entre a digressão Legends of The Summer Stadium (com a qual percorreu grandes espaços dos EUA e Canadá este verão) e a The 20/20 Experience World Tour (que parte para a estrada a 31 de outubro em Montreal, novamente no Canadá), Justin Timberlake propôs à plateia no Rio de Janeiro um concerto panorâmico sobre a sua obra e referências pessoais.
O já quase "clássico" "FutureSex/LoveSounds" (de 2006) foi mesmo o disco mais vezes visitado, dando-nos a ouvir, entre outros, temas como "My Love", "Love Stoned", o tema-título ou uma versão acústica de "What Goes Around.../...Comes Around". O mais recente volume um do díptico "The 20/20 Experience", lançado já este ano, surgiu em visitas dispersas pelo alinhamento, dando-nos a ouvir, sob verdadeira expressão de um gosto pela excelência instrumental, canções como "Pusher Lover Girl", "Tunnel Vision" ou "Let The Groove In". Da segunda parte deste mesmo díptico, que chegará às lojas a 27 de setembro, revelou apenas o já conhecido "aperitivo" "Take Back The Night", verdadeiro prazer "gourmet" feito de linhas "disco" que sublinha uma admiração evidente pela obra de Michael Jackson.
O "rei da pop" esteve presente numa das várias versões que Timberlake apresentou em palco, recordado através de um fulgurante "Shake Your Body", canção gravada pelos Jacksons em 1978. Outros dois nomes surgiram também assim citados. Dos INXS apresentou uma versão minimalista (e fiel ao origimal) de "Need You Tonight". E de Jay-Z levou a cena alguns momentos de "I Just Wanna Love You (Give It To Me)".
Agradecido pela reação de adesão da multidão (que com o adiantado da hora começava a afastar-se aos poucos) a um alinhamento longe de ser proposta para consumo em regime "best of" mais habitual em festivais, Justin Timberlake saiu do palco Mundo na Cidade do Rock como o grande vencedor destes três primeiros dias de concertos na quinta edição brasileira do Rock In Rio. Não seria nada má ideia levá-lo quanto antes a um palco português. Mais ainda pelo facto de nunca ter pisado nenhum...
Três olhares sobre a Cidade do Rock
Fotos: N.G. |
Às palavras juntamos também imagens de vários olhares sobre o recinto que acolhe o festival. Localizado nas margens da Lagoa de Jacarepaguá, o recinto tem uma enorme área central relvada que acolhe o Palco Mundo e as estruturas brancas que servem de base ao sistema de som. A recolha do lixo, no âmbito de uma campanha conjunta com a perfeitura do Rio, é um dos focos de atenção maior da organização na edição deste ano.