sexta-feira, julho 12, 2013

Reedições:
Teardrop Explodes, Wilder

Teardrop Explodes
“Wilder (Deluxe Edition)”
Commercial Marketing
4 / 5

Em finais dos anos 70 a cena musical da cidade de Liverpool vivia um clima de entusiasmo como há muito não conhecia. Tal como nos tempos dos Beatles o Cavern tinha sido catalisador de acontecimentos, um novo clube era a “casa” de grande parte das revelações, por ali nascendo e ganhando forma bandas como os Echo & The Bunnymen, Wah!, OMD, Dead or Alive ou os Teardrop Explodes. De todos foram estes últimos os primeiros a ter um momento de grande exposição, mas também, entre este lote, os primeiros a sair de cena... O álbum de estreia, Kilimanjaro (1980) deu-lhes reconhecimento crítico, alguns singles de sucesso (como o clássico Reward) e bons resultados no departamento dos números. Wilder (1981) seguiu contudo um destino diferente. Julian Cope (vocalista), que tinha entre o seu passado uma presença nos Crucial Three (banda-chave do pós-punk da cidade onde militavam ainda Ian McCulloch e Pete Wylie), tomou a dianteira criativa, assinando todas as canções. Ao contrário do mais coeso som de banda do álbum de estreia, Wilder alargava horizontes para lá dos terrenos mais seguros da invenção pós-punk e experimentava outros instrumentos e cenografias, dos metais aos sintetizadores (sem contudo investir pelos terrenos da pop electrónica), estes claramente mais presentes que antes. As canções de Wilder são liricamente focadas em Cope, nas suas sensações, ideias e experiências (Passionate Friend, por exemplo, fala do rompimento de uma relação). Mas musicalmente são espaço de desafio a novas ideias e caminhos, notando-se um apurado sentido cenográfico elegante e capaz de dialogar com as palavras e a voz em canções como Tiny Children ou And The Fighting Takes Over, que expressam um labor de arte final que deixava distante o sentido de urgência punk que esteve certamente entre os episódios de formação destes músicos. Seven Views Of Jerusalem revela por seu lado um certo exotismo que caracterizou algumas bandas suas contemporâneas. O álbum não perde contudo o fulgor indie pop, moldado pelas guitarras, que caracteriza temas como Passionate Friend ou Colours Fly Away, que seriam de resto escolhas naturais para lançamento no formato de single. Esta nova edição junta ao alinhamento do disco de 1981 um conjunto de lados B de singles com acoplamento ordenado pelo próprio Julian Cope (alguns deles aprofundando a pulsão mais experimental do grupo), sugerindo uma noção de álbum. Os extras contam ainda com a representação das sessões para a BBC registadas no período que corresponde à vida de Wilder. Este seria o derradeiro álbum concluído pelos Teardrop Explodes, que se separariam em 1983, a meio do trabalho no terceiro disco (que não concluiriam). Julian Cope encontraria aqui pontos de partida para a sua carreira a solo que ganhariam forma sobretudo nos álbuns Saint Julian (1987) e My Nation Underground (1989).