sábado, julho 13, 2013

CURTAS Vila do Conde (6)

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O quotidiano que vemos nas notícias televisivas? Decididamente, não. E se o quotidiano, essa paisagem física em que o efeito de real se intensifica, fosse também o lugar de desintegração de qualquer possibilidade de identificar esse mesmo real? E não apenas porque realismo e onirismo são duas faces da mesma moeda. Também porque o cinema, ao contrário do que garante uma das suas crenças fundadoras, não serve para descrever o que quer que seja, permitindo antes contemplar o real como uma escrita interminável, por certo indecifrável?
A obra do belga Nicolas Provost é feita destas dúvidas festivas e Tokyo Giants uma das suas mais fascinantes apoteoses. O filme encerra a trilogia iniciada com Plot Point (2007) e Stardust (2010), trabalhando sobre cenas “típicas” de uma grande metrópole, registadas em tom de "reportagem". Assim, depois de Nova Iorque e Las Vegas, o cineasta colhe no quotidiano de Tóquio os sinais dispersos de um labirinto de ficções cuja consumação é objecto de um estranho e envolvente suspense.
Provost acredita nas potencialidades realistas de imagens e sons, mas não necessariamente no seu sincronismo. De tal modo que ver os seus filmes é um pouco como seguir uma história visual e outra sonora — quando, entre elas, se produz alguma sobreposição ou coincidência, pressentimos a possibilidade do maravilhoso. Entenda-se: a fusão do medo e do milagre. Ou ainda: Tokyo Giants é um dos acontecimentos maiores do CURTAS Vila do Conde 2013.

>>> Moving Stories (2011), de Nicolas Provost [Museu de Arte Contemporânea / Los Angeles].


>>> Site oficial de Nicolas Provost.