quinta-feira, junho 20, 2013

O "cachorro-quente" diplomático

Como fazer dois filmes num só e acabar no fim sem filme nenhum? Uma resposta possível pode encontrar-se em Hyde Park em Hudson, uma das mais inconsequentes abordagens à memória da história do século XX que passaram pelas salas de cinema nos últimos tempos. A ação coloca-nos em finais da década de 30 quando, depois de ter assumido a coroa britânica na sequência da abdicação do irmão Eduardo VIII, o rei Jorge VI visita o presidente Franklin D. Roosevelt procurando garantir um eventual apoio americano a um possível (e iminente) cenário de guerra com a Alemanha.

A ideia de uma primeira visita de estado do soberano do antigo país colonizador ao representante maior da antiga colónia asseguraria por si só pano para mangas. Até mesmo porque o ato público que deu conta do bom relacionamento entre os dois líderes (e os dois países) tomou forma num pic nic onde foram servidos cachorros quentes perante uma multidão de máquinas fotográficas artilhadas para captar o instante.

Mas não, o filme de Roger Michell acaba por dar prioridade a uma história paralela sobre as amantes de Roosevelt, que partilha as mesmas personagens, época e lugar, reduzindo o espaço da diplomacia a um tempero por vezes algo caricato e superficial. De resto, Hyde Park em Hudson parece procurar pouco mais que nova abordagem ao que poderia ser um eventual filão a escavar depois do sucesso do oscarizado O Discurso do Rei. Mas não... Não há ali material que valha exploração mineira neste sentido. E nem um elenco com um Bill Murray (Roosevelt) ou Laura Linney (a prima do presidente) salvam tamanho aborrecimento.