Love and Rockets
“5 Albuns”
Beggars Banquet
4 / 5
Uma maneira fácil (mas pouco precisa) de descrever os Love and Rockets é dizer que se trata dos Bauhaus sem Peter Murphy. Mas na verdade muito aconteceu entre a (primeira) separação desse grupo mítico e o surgimento da mais notável das suas descendências diretas. Ainda os Bauhaus eram uma banda ativa e já Daniel Ash (guitarra) e David J (baixo) tinham criado o projeto paralelo Tones On Tail (de curta vida entre 1982 e 84). Foi porém da reunião deste par com Kevin Haskins, o baterista (também ele ex-Bauhaus), que nasceram os Love and Rockets, apresentando-se com uma inesperada, mas elétrica e encorpada, versão de Ball of Confusion, tema imortalizado pelos Temptations, ao que fizeram suceder Seventh Dream of Teenage Heaven (1985), álbum de estreia que revelava um caminho de luminosa abertura dos três músicos rumo a uma nova dimensão cénica que deixava para trás o negrume dos Bauhaus sem contudo perder as marcas de identidade instrumental dos três músicos. Em três anos lançam um primeiro trio de álbuns que os estabelece como uma força com identidade própria (dispensando por isso a caução da sua filiação genética) no panorama indie pop dos oitentas. Express (1986), mais intenso e dado a revisitar ecos do psicadelimso e o belíssimo Earth Sun Moon (1987), que define em diálogos entre a música acústica e elétrica (incluindo ensaios sobre distorção) a melhor coleção de canções do grupo, concluem a primeira etapa de vida dos Love and Rockets. Segue-se em 1989 Love and Rockets, álbum mais elétrico e áspero, mas ao mesmo temo a inesperada casa de So Alive, single que lhes abre o mercado americano e os transporta a outro patamar... A caixa de 5 Albuns agora editada junta assim esta parte da obra do grupo, deixando de fora uma outra, vivida nos anos 90, sob evidente interesse pela exploração das electrónicas (as guitarras perdendo então o protagonismo que até aqui tinham). Aos quatro álbuns de originais o alinhamento deste lançamento junta um quinto disco com as versões alternativas lançadas em formato de single e os respetivos lados B. Um olhar “integral” sobre (apesar do álbum menor de 89) a melhor etapa da vida de uma banda que nem sempre é evocada como o merecia ser.