Poucos imaginavam que, depois dos relativos “desaires” de Star Trek: Nemesis e do spin off televisivo Star Trek: Enterprise, a saga pudesse regressar. Mas regressou, com J.J. Abrams.
A ideia de regressar atrás no tempo, aos tempos em que os “heróis” da geração clássica da série estariam sob o foco das atenções não era propriamente uma novidade absoluta. Mas sob estas premissas J.J. Abrams, que até então tinha realizado o filme Missão Impossível III e era sobretudo conhecido como o criador da série Lost, criou aquele que, juntamente com o filme de 1979 de Robert Wise, faz o que de melhor Star Trek deu ao grande ecrã (do novo filme falaremos em breve, podendo já deixar claro que não desilude). Um novo elenco e personagens rejuvenescidas levam-nos aos tempos em que os protagonistas ainda “estudavam” na Academia, com tudo ainda por fazer e glórias por conquistar. É por isso interessante o jogo que se estabelece entre o que sabemos de mais de 40 anos de vivência com a mitologia da série e a narrativa pessoal de cada uma destas personagens e uma história na qual, para todos os efeitos, tudo está a acontecer pela primeira vez. Um dos trunfos da abordagem de J.J. Abrams deve-se a esta capacidade de pensar o novo tendo em conta toda uma herança, estabelecendo assim um raro patamar de entendimento entre velhos admiradores e toda uma nova geração de potenciais espectadores. Além disso, e como nos deixaria depois claro no magnífico Super 8, é um sagaz construtor de aventuras, adicionando aos ingredientes “clássicos” e temperos específicos do universo Star Trek uma lógica pensada nesse sentido, fazendo com que toda a artilharia de efeitos visuais sirva a história e não o contrário. Resultado: o reboot resultou. E Star Trek renascia com uma vitalidade que muitos não imaginavam já ser possível.