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Claude Lanzmann mostra-nos os comboios de hoje. Mas fala-nos daqueles que, durante a Segunda Guerra Mundial, transportavam os judeus a caminho dos campos de concentração concebidos pelos nazis. Autor de Shoah (1985), porventura o filme mais exaustivo e mais elaborado que se fez sobre a Solução Final, Lanzmann é um cineasta dessa desumanização do outro que a ideologia nazi conduziu ao horror extremo de um gigantesco sistema de morte: Le Dernier des Injustes (extra-competição) é o novo título do seu admirável trabalho, desta vez lidando com as memórias do campo de Theresienstadt, lugar de sofrimento e morte como os outros, mas que os nazis quiseram manter mais "acolhedor", tentando fazer passar para a comunidade internacional uma imagem "sóbria" do tratamento dos judeus — um impressionante objecto de cinema, lidando com a questão sempre actual da preservação da memória.