Luke Haines... Para muito boa gente pode ser um nome que não significa nada (e é pena). Para outros será uma memória da qual há algum tempo não ouviam falar... Talvez haja quem ainda o siga atentamente, mais aos seus discos... Quem é? É um dos maiores autores de canções revelados nos anos 90, com primeiro álbum editado há precisamente 20 anos, então integrado numa banda (os The Auteurs – já agora o disco tinha por título New Wave e é uma das melhores coleções de canções para guitarras que podemos reencontrar na memória pop/rock dos noventas). Luke Haines é agora o protagonista de um filme que integra a secção Indie Music da edição deste ano do IndieLisboa. Com o título Art Will Save The World e assinado por Niall McCann, o documentário pode ser uma das melhores propostas de (re)descoberta que este lote de filmes tem para nos dar este ano. Mesmo sendo a sua música e personalidade mais interessantes que o filme em si...
Tentando retratar algum humor contido que passa mais pela personalidade do protagonista que pelas suas canções, Art Will Save The World junta memórias faladas, canções, comentários (seus e de outros, de Grant Gee a Jarvis Cocker). Recordamos essencialmente os The Auteurs, passando mais depressa sobre os seus outros projetos (e convenhamos que os Black Box Recorder mereciam mais tempo de antena). Há por vezes uma certa vontade de ajustar contas com histórias passadas, sobretudo com os dias do ‘brit pop’. E tantas são as vezes que Haines se tenta demarcar da coisa que fica claro que essa é ainda, vinte anos depois, uma pedra no seu sapato...
A ideia é fabulosa por principio. Dar a várias pessoas uma câmara e a cada uma pedir que filmem as suas empregadas domésticas. Da reunião das experiências, das histórias e das pequenas intimidades assim partilhadas nasce Doméstica, documentário de Gabriel Mascaro que integra a secção Pulsar do Mundo. São ao todo sete câmaras, entregues aos filhos das casas onde as “domésticas” trabalham, nascendo o filme da montagem destes olhares caseiros. Aqui se propõe um retrato possível do Brasil de hoje. Mas mesmo apesar dos momentos de genuíno humor que algumas destas protagonistas nos revelam, o filme acaba por ser mais interessante na ideia que na sua concretização. Na verdade, sob outra montagem, teria gerado uma “curta” mais intensa, mais vibrante...