terça-feira, abril 23, 2013

Novas edições:
Yeah Yeah Yeahs, Mosquito


Yeah Yeah Yeahs 
“Mosquito” 
Universal Music 
3 / 5 

Se fizermos as contas já passaram dez anos sobre a edição de Fever To Tell e doze sobre Yeah Yeah Yeahs, o EP de estreia que, nesse animado 2001, fazia de Nova Iorque o centro de uma odisseia de redescoberta das guitarras e do fulgor primordial do punk (com o disco de estreia dos Strokes como a mais falada das revelações do momento). Pelo caminho os três músicos que fazem os Yeah Yeah Yeahs transformara-se em referencia do seu tempo, não só através da sua discografia conjunta, mas nas várias colaborações que cada qual tem assinado nas mais diversas frentes de trabalho. Em 2009 chegaram a It’s OK, o seu terceiro álbum, com uma carga de brilho disco, que juntava todos os ingredientes para os poder levar ainda mais longe. Zero transformou-se num clássico para as noites dançáveis de alinhamento mais gourmet. Mas com o mundo mais interessado noutras rotas e destinos, os mesmos três músicos voltaram a juntar-se para, sem uma agenda de obrigações lançada sobre si, procurar para que destino levariam o reencontro dos Yeah Yeah Yeahs com os discos... Assim nasce Mosquito, disco que evita claramente a relação mais vincada com as electrónicas e a música de dança do álbum anterior, mas que acaba algo dividido entre dois trilhos maiores, não se decidindo afinal por qual deveria seguir... Ao escutar a angulosidade rugosa e texturalmente bem defendida de Area 52 reencontramos ecos diretos dos seus primeiros discos. Ecos que passam também pelo desinspirado Sacrilege que serviu de cartão de visita. Em Buried Alive procuram uma plataforma que cruza um negrume à la Bauhaus com electrónicas e hip hop (e a presença vocal de Dr. Octagon) que está longe de ser das suas melhores ideias. Já em Take Your Path, Subway ou no cenicamente mais rico Always sentimos sinais (que são de resto presença dominante em grande parte do alinhamento) de uma busca em terreno de maior placidez, onde a melancolia impera (e, convenhamos, nascem as melhores das canções do disco). Entre tamanha dispersão de sentidos, e sob um claro exemplo de acoplamento de faixas pouco inspirado, Mosquito acaba algo desorientado como um todo. Uma arrumação mais cartesiana dos temas mais assombrados e melancólicos (os melhores do disco), votando os surtos animados pela pulsão rock’n’roll a uma das faces ou, melhor ainda, a um eventual EP, teria gerado um disco certamente mais cativante. No fim Mosquito parece o retrato de um momento de busca de caminho, “fotografado” ainda antes de alguém decidir “vamos por ali”... É por isso (pelo menos assim o parece sugerir) um registo de transição. Resta saber se apontando a um futuro em regime back to the basics, se aceitando o desafio de explorar a sua face mais frágil e melancólica ou se, na boa tradição do grupo, optam antes por algo completamente diferente... E se, já agora, arranjam quem lhes faça uma capa melhorzita para a próxima.