Esta é a história de um americano (estudante de literatura francesa) que procura esquecer em Paris um relacionamento que acabou, descobrindo mulheres ora num bordel ora na rua, que ensaia um esquema de chantagem com os clientes de uma mulher que o resolve albergar, mas que acaba por afogar em mentiras cada novo encontro. Antonio Campos volta a ser brilhante na forma como define um clima de tensão, como integra os olhares pelos lugares que as personagens habitam como parte de um corpo maior inquietante, uma vez mais ameaçador. O carácter formalista com que a câmara opta por perseguir as caminhadas das personagens (sobretudo o protagonista) e a espantosa banda sonora - onde descobrimos o belíssimo It Takes a Muscle (To Fall In Love) dos Spectral Display ou reencontramos o fulgor urbano contemporâneo dos LCD Soundsystem – procuram sublinhar um certo tom de assombramento que a narrativa pede. Simon Killer, mesmo sendo (até agora) uma das melhores propostas da Competição Internacional, não repete contudo o arrepio de Afterschool. E o estudante americano vestido por Brad Corbet em nada chega ao inesquecível e (realmente) perturbante Robert que então nos revelou Ezra Miller.
Há um ano o IndieLisboa mostrava-nos em Into The Abyss um contundente retrato crítico sobre a pena de morte nos EUA. Agora, do mesmo Wener Herzog pudemos ver Death Row, um conjunto de quatro filmes que são uma descendência natural desse mesmo olhar. Criados para uma série televisiva, os quatro filmes (de aproximadamente uma hora cada um) focam cada qual um caso concreto, procurando não esquecer o contexto que envolve cada situação, mas focando a atenção nas quatro figuras que aguardam a hora marcada, mais que as noções de “culpa”, “arrependimento” ou “negação” (que passam por estas histórias) os filmes acabando por refletir sobre o que é a tomada de consciência de um fim. Herzog não procura uma postura jornalística, uma vez que assume desde logo, e perante os entrevistados, que não tem uma posição de “simpatia” para com quem são e o que fizeram, mas que não defende a pena capital. Os quatro filmes não repetem contudo o que vimos em Into The Abyss, a maior presença de planos captados durante as entrevistas e uma lógica de arrumação mais televisiva das imagens acabando por contrastar formalmente com a posição política que o realizador toma.
Há um ano o IndieLisboa mostrava-nos em Into The Abyss um contundente retrato crítico sobre a pena de morte nos EUA. Agora, do mesmo Wener Herzog pudemos ver Death Row, um conjunto de quatro filmes que são uma descendência natural desse mesmo olhar. Criados para uma série televisiva, os quatro filmes (de aproximadamente uma hora cada um) focam cada qual um caso concreto, procurando não esquecer o contexto que envolve cada situação, mas focando a atenção nas quatro figuras que aguardam a hora marcada, mais que as noções de “culpa”, “arrependimento” ou “negação” (que passam por estas histórias) os filmes acabando por refletir sobre o que é a tomada de consciência de um fim. Herzog não procura uma postura jornalística, uma vez que assume desde logo, e perante os entrevistados, que não tem uma posição de “simpatia” para com quem são e o que fizeram, mas que não defende a pena capital. Os quatro filmes não repetem contudo o que vimos em Into The Abyss, a maior presença de planos captados durante as entrevistas e uma lógica de arrumação mais televisiva das imagens acabando por contrastar formalmente com a posição política que o realizador toma.