segunda-feira, abril 15, 2013

Novas edições
The Flaming Lips, The Terror

The Flaming Lips 
“The Terror” 
Bella Union / Popstock 
3 / 5 

Há onze anos os Flaming Lips editavam o mais interessante de todos os seus discos. Yoshimi Battles The Pink Robots juntava velhos sonhos de ficção-científica a um modo mais arrumado de pensar a canção a que tinham chegado no igualmente recomendável The Soft Bulletin (1999). Estavam então nas bocas do mundo. Passavam por festivais, reeditavam velhos discos em novos formatos, lançavam telediscos em DVD, faziam o filme que sempre tinham desejado fazer e nunca antes tinham concretizado... Contudo, na hora de pensar um sucessor para Yoshimi, At War With The Mystics mostrou sinais de uma banda inquieta, talvez pouco confortável na pele de quem vive no centro de tantas atenções. E a verdade é que, desde então, as suas opções e projetos voltaram a sublinhar um sentido de demanda mais experimental que o seu próprio percurso já havia conhecido nos anos 90, não aceitando novas concessões às visões pop ensaiadas entre 1999 e 2002, nem mesmo ao reinventar em 2009 todo o alinhamento de um álbum clássico dos Pink Floyd (The Flaming Lips and Stardeath and White Dwarfs with Henry Rollins and Peaches Doing The Dark Side of the Moon, onde participaram nomes como Peaches ou Henry Rollins), ou até quando, em 2012, chamaram uma multidão de colaboradores, de Yoko Ono ou Nick Cave a Kesha para criar The Flaming Lips and Heady Fewds (onde encontramos uma belíssima parceria com Erykah Badou e a colaboração com Neon Indian representa a mais evidente janela para o período 99/02). The Terror não é o disco que vai inverter (pelo menos para já) as tendências vigentes na discografia pós-Yoshimi dos Flaming Lips. Mas não só é o melhor e mais consistente dos discos que editam desde então como representa o instante em que, sem abdicar de uma pulsão “experimental”, procuram ordenar ideias, escolher caminhos e aprumar as formas. Carregando a melancolia que chega depois de uma separação, The Terror escuta essencialmente como fontes de inspiração velhas heranças do krautrock e do psicadelismo, trabalhando essencialmente a definição de patamares texturais dos quais emergem as canções, cabendo à voz de Wayne Coyne a condução do sentido melodista que as caracteriza. Encontrando em temas como Be Free, A Way e, sobretudo, no belíssimo Try To Explain, herdeiros possíveis do tom contemplativo que escutávamos em alguns dos melhores momentos de Soft Bulletin, The Terror é assim o mais estimulante dos discos que o grupo nos deu em dez anos. Não parece, como o foram esses dois álbuns de que aqui tenho falado, que sejam expressões da fixação formal do destino de nova busca, parecendo mais sinais de mais entusiasmo num caminho entretanto em curso. Vejamos então onde nos vai levar...