Imagino que toda a gente se lembre do primeiro disco que comprou com o seu dinheiro e onde. Eu comprei o Heroes do David Bowie na Tubitek.
Sendo do Porto, a Tubitek era a Meca dos discos para quem gostava do novo e do velho, com uma selecção de discos que agradava a gregos e troianos, fossem eles fãs de música clássica, de rock progressivo, do 1º dos Tops ou, como eu, um miúdo “mid teen” à procura de tudo o que não conhecia, fossem os discos do Bowie, dos Smiths (o Hatfull of Hollow foi possivelmente o quarto ou quinto LP que lá comprei), dos Velvet Underground ou dos New Order.
Era uma pequena grande loja que tinha tudo para todos os gostos. Se vendia ou era relevante de alguma maneira a Tubitek tinha nos escaparates. E tinham pessoas atrás do balcão que sabiam o que vendiam. Todos sabiam um pouco de tudo e um ou outro tinha uma especialidade. E uma paciência enorme para partilhar conhecimento a quem tinha vontade de aprender. Dominavam o mercado dos discos no Porto (e não só) e apesar da baixa ter outras lojas discos a Tubitek, no fundo, não tinha concorrência à altura. Foi assim durante uns anos e só deixei de lá ir com regularidade quando me mudei para Lisboa. Não assisti ao fecho (no final dos anos 90) mas a forma como foi perdendo clientela ….
Quis o destino que uns anos depois de sonhar em trabalhar numa loja de discos me encontrasse atrás do balcão de uma das poucas lojas que por cá existem. E apesar de comprar uns quantos discos na loja onde trabalho, a vontade de procurar o que não tenho noutras lojas mantém-se.
Sempre que vou a Londres, a Music Exchange é uma das paragens obrigatórias. Apesar de serem mais do que uma cadeia de lojas de discos (vendem igualmente livros, roupa ou DVDs em segunda mão em lojas independentes umas das outras) o tempo é dividido entra Notthing Hill, Soho e Camden Town. Os empregados nem sempre têm a simpatia na ponta da língua mas os discos que têm à venda fazem esquecer qualquer indelicadeza. Todo o espaço disponível está ocupado com discos e não há canto onde não se queira enfiar o nariz.
De todas as lojas, aquela em que perdia mais tempo era a de Camden Town. No piso da entrada, a oferta de singles recentes e antigos era gigante e rivalizava com a secção de 12” Disco da cave. Quando lá estive a última vez tinha fechado e estava em obras. No preciso momento em que espreitei para ver se eram obras de remodelação, dois homens erguiam uma placa para substituir a da Music Exchange. Estava a nascer mais uma loja Mr Pretzels… Por todo o lado as lojas vão desaparecendo lojas de discos mas em Inglaterra, por exemplo, os números são assustadores.
No Record Store Day deste ano é editado em DVD Last Shop Standing, um documentário sobre a ascensão, queda e renascimento das lojas de discos independentes, baseado no livro de Graham Jones. Até lá “let’s look at the trailer”: