sexta-feira, fevereiro 15, 2013

Reedições:
The House of Love, The House of Love

The House of Love 
“The House of Love (DeLuxe Edition)” 
Cherry Red 
5 / 5 

O grupo nasceu em meados dos oitentas, a passagem por um concerto dos Jesus & Mary Chain por Guy Chadwick (que já tinha passado por uma outra banda) tendo representado um episódio determinante na focagem de caminhos. Juntou um grupo de músicos, entre os quais uma guitarrista alemã que marcou presença nos primeiros singles (mais tarde reunidos num álbum originalmente apenas lançado na Alemanha). A saída de Andrea Heukamp reduziu os The House of Love a quatro elementos (e à sua formação de referencia), que em conjunto centraram atenções na criação de um primeiro álbum de originais gravado em apenas uma semana de estúdio mas com pós-produção mais longa e algo acidentada. Editado em 1988 pela Creation Records (então uma das etiquetas mais atentas e vibrantes entre o panorama indie britânico), o disco sem título na capa – e que assim acabaria conhecido como, apenas The House of Love – revelava uma impressionante coleção de canções refletindo, por um lado, a determinante influência na redescoberta de um relacionamento da canção com as guitarras levada a cabo pela presença maior dos The Smiths no panorama indie pop dos oitentas e, por outro, herdando ecos das memórias fundadoras dos Velvet Underground e, também evidentes, os ensinamentos de um novo melodismo elétrico, entretanto mais polidos em Darklands, de uns Jesus & Mary Chain. O momento em que The House of Love entra em cena corresponde a um tempo de uma certa orfandade no panorama pop/rock para guitarras como consequência da separação dos The Smiths. E entre os nomes “indigitados” pela imprensa musical britânica, sempre com vontade de não deixar tronos vazios, contavam-se os The La’s (que então justificadamente semeavam entusiasmos com o single There She Goes) e os The House of Love. A excelência das canções do álbum de estreia dos House of Love, os arranjos cuidados, o elaborado trabalho de guitarras e a marcante (e tranquila) presença vocal de Guy Chadwick, somadas a uma imagem que cativou atenções colocaram o grupo sob os focos das atenções. Apesar de terem voltado s fazer belos discos, nunca repetiram contudo o momento invulgarmente inspirado que faz ainda hoje de The House of Love um dos melhores álbuns “alternativos” dos anos 80. Basta, indo além do óbvio Christine (o single de apresentação), ouvir pérolas maiores como Fisherman’s Tale, Hope ou Happy e por aqui reconhecer formas e linhas que, de facto, ajudaram a estabelecer um paradigma que marcou aquele tempo. Um estatuto que esta nova reedição claramente sublinha, juntando ao conciso (e perfeito) alinhamento um segundo CD com lados B de singles e raridades gravadas em disco ou achadas entre velhas demos e ainda um terceiro com maquetes e takes alternativos ainda inéditos.