Foals
“Holy Fire”
“Holy Fire”
Warner Bros
2 / 5
Apesar da premiação ensopada em novos heróis indie light que dominou os Grammys e as “previsões” dos oráculos das modas pop/rock que acharam que, tal como as riscas nos tecidos, as guitarras vão estar de volta às canções em 2013, a verdade é que não sei ainda se será pelo comprimento de onda das novas bandas indie rock que iremos encontrar os álbuns mais estimulantes do ano. É certo que 2013 já somou três belos álbuns de guitarras (Yo La Tengo, Mark Eitzel e Eels), e um quarto (Nick Cave) vem a caminho. Todos eles veteranos, é certo. Os Foals, que já não são uns estreantes, mas ainda não rodaram quilómetros suficientes para chegar a veteranos, conseguiram todavia já levar o seu nome a um patamar de reconhecida solidez (e aclamação), representando Holy Fire, este seu terceiro álbum, um expressivo foco de entusiasmo (e basta ler o que tem sido publicado sobre o disco para o reconhecer). Estão claramente longe dos tons básicos que uns Oasis inscreveram como espaço de sucesso global nascido em berço “alternativo” nos noventas e transportam em si o fulgor renovado que a geração indie da década dos zeros devolveu às canções feitas com guitarras. Parecem agora, como houve já quem o sugerisse, apontados a plateias de grandes dimensões (que, reforço aqui, não é mal nenhum e é coisa que nunca fez mal a um Bowie ou uns Blur). Mas a verdade é que Holy Fire é um álbum que só brilha em alguns momentos, entre os restantes temas de um alinhamento apenas morno pouco parecendo haver mais que manobras em volta de mais do mesmo. A fúria de Inhaler e a dinâmica pop (ritmicamente empolgante) de My Number, servidos como aperitivos, não conhecem, pois outros episódios do mesmo calibre, talvez o trabalho rítmico de alma tribal de Out of The Woods e as angulosidades menos polidas de Providence representando os instantes que mais se voltam aproximar destes horizontes que as expectativas haviam colocado em cena, o tom fácil e mastigadinho do hino rock fácil de Bad Habit sendo mesmo presença desmotivadora para quem aqui esperava mais e melhor. As melhores surpresas chegam contudo na reta final do alinhamento, com as cenografias mais eleboradas, e os climas de maior placidez, em que desenham Stepson e Moon (este último a saber digerir heranças ambient no quadro de uma canção onde uma discreta guitarra dedilha a arquitetura que suporta a sua construção), sem dúvida os dois únicos instantes verdadeiramente entusiasmantes de um álbum que vai ser um fenómeno de popularidade quase certo. Mas que, daqui a una anos, será coisa esquecida nas prateleiras onde se arrumam aqueles entusiasmos que passam depressa.