sexta-feira, janeiro 18, 2013

Reedições:
Talk Talk,
Natural History - The Very Best of Talk Talk


Talk Talk 
“Natural History – The Very Best of Talk Talk” 
EMI Music 
4 / 5

Os Talk Talk podiam ser uma espécie de adaptação à música popular britânica dos oitentas do conceito que Michelle (a da Resistência – sim, da série Alô Alô) inscreveu na história da cultura pop: “listen very carefully, I shall say this only once”... Da banda animada pela luminosidade new wave (houve até quem lhes chamasse new romantics) que nos deu o belo The Party’s Over em 1982 ao evidente mergulho numa identidade que transcendeu as fronteiras da canção pop para ensaiar flirts com outras formas (de longe vislumbrando-se até algumas liberdades jazzísticas) por alturas de Spirit of Eden (1988), os Talk Talk protagonizaram uma carreira absolutamente ímpar, em muito abençoada pela visão (e personalidade) do vocalista Mark Hollis, mas igualmente marcada pela colaboração (a partir de 1984) do produtor Tim Friese-Green. Cada disco foi diferente, apenas Laughing Stock (o seu canto do cisne, em 1991) revelando proximidades formais com o imediatamente anterior Spirit of Eden, embora tendo aprofundado a exploração dos caminhos que este já abordara, com maior volume de instrumentos presentes e focando temáticas do foro místico (e, como curiosidade, tendo sido editado pelo selo da Verve, etiqueta com história maior feita em solo jazzístico). Cinco álbuns de estúdio ficaram como registo desse percurso discograficamente ativo entre 1982 e 91, uma multidão de antologias e reedições tendo desde então assegurado novas chamadas de atenção a uma música que entretanto do grupo fez um dos mais notáveis casos de culto nascidos no seu tempo. Sem uma data redonda a celebrar, 2013 celebra a memória dos Talk Talk com duas novas antologias. Uma delas, Natural Order 1982-1991, tem alinhamento selecionado pelo próprio Mark Hollis, promovendo um olhar pessoal sobre o seu percurso (lá iremos brevemente). A outra é Natural History – The Very Best of Talk Talk, na verdade nada mais senão o mesmo alinhamento (e o mesmo título) de uma antologia originalmente lançada em 1990, quando terminaram o seu relacionamento com a EMI, a novidade sendo a junção de um DVD com a integral dos telediscos (incluindo as duas versões de Talk Talk e Dum Dum Girl). De fora continua assim a ficar Mirror Man, aquele que em 1982 foi o single de estreia do grupo, mostrando o alinhamento a coleção dos seus 11 restantes singles, a 12ª faixa apresentando Desire, tema do alinhamento de Spirit of Eden que assim alarga a duas canções a representação desse álbum. A coleção de canções é notável e representa um bom cartão de visita para a (re)descoberta desta obra. Mas para os admiradores (que certamente as têm já em álbuns ou mesmo entre compilações anteriores), este disco vale sobretudo pelos telediscos que agora serve como extra.