quarta-feira, janeiro 30, 2013

Novas edições:
Indians, Somewhere Else


Indians
“Somewhere Else”
4 AD / Popstock
3 / 5

A constante renovação dos rostos e vozes do seu catálogo tem permitido à editora 4AD não se transformar numa capela das relíquias indie que dela fizeram referencia maior nos oitentas, ao som de nomes como os Cocteau Twins, Dead Can Dance ou o coletivo “da casa” This Mortal Coil. E agora, a juntar a Grimes, Zomby ou Ariel Pink, que representam algumas das mais interessantes entre as mais recentes “aquisições” da “família” 4AD, o projeto Indians acrescenta dados interessantes a uma realidade em saudável e permanente mudança. O projeto não é senão o alter-ego do músico dinamarquês Soren Lokke Juul, o álbum Somewhere Else representando agora a sua estreia no formato de longa duração após as sugesões de alguns cartões de visita que nos foi mostrando no ano passado. Apesar da alma cantautoral que passa por aqui, e de pontuais incursões por espaços de relacionamento mais de dieta com a instrumentação (como sucede, quando fez de uma guitarra acústica a principal companhia de Cakelakers, que editou como single em finais de 2012), as canções que fazem o contido alinhamento do álbum (dez faixas para 45 minutos de gravação, o que garante a boa digestão da coisa) revelam um interesse por uma dinâmica instrumental de banda, sublinhando sobretudo um gosto pela composição de uma noção de espaço cénico que assim serve de casa a cada um dos temas que nos apresenta. Apesar da dose valente de comparações que por aí correm (e não acreditem quando apontarem Bon Iver ou Grizzly Bear como parentes próximos), as canções de Soren estão em busca de um caminho seu, partilhando talvez com os MGMT um sentido de encantamento, porém sem a carga rítmica mais evidente no primeiro álbum da dupla americana nem a libertação formal que as leituras mais profundas dos manuais do psicadelismo deram ao segundo. Somewhere Else é um álbum de canções suaves, talhadas num patamar de elegância que reconhece as características de uma certa fragilidade vocal, os arranjos procurando conceber cenários e não estruturas. Há por aqui alguns momentos magníficos (como o são New ou o tema título que fecha o alinhamento). Contentemo-nos, por enquanto, com a certeza de um bom ponto de partida. E fiquemos atentos a experiências futuras...