Por uma noite as escadarias e os passeios em redor da Assembleia da República transformaram-se numa sala de cinema. Foi a 9 de maio, numa ação que pedia a aprovação de uma nova lei do cinema, realizada dias depois da apresentação de um manifesto lançado por profissionais do sector e uma audição aos realizadores João Salaviza, Miguel Gomes e Gonçalo Tocha numa comissão parlamentar. Na ocasião foram projetados momentos que fazem a história do cinema feito em Portugal num ecrã improvisado pela soma de duas telas levantadas sobre a parede de um dos prédios em frente. Aniki Bobo de Manoel de Oliveira abriu a montagem. Segiu-se a histórica Saída do Pessoal Operário da Fábrica Confiança, de Aurélio Paz dos Reis. E pela hora e meia seguinte viram-se excertos de muitos filmes. Ficções, documentários, animação, todos representados. Na plateia, realizadores, atores, técnicos, programadores, alunos de escolas de cinema e cinéfilos. A caminho do fim do ano, a lei do cinema existe, mas aguarda ainda a sua regulamentação. E ao longo de todo o ano não houve concursos para a apoio à produção de novos filmes. Vincado contraste num ano em que o cinema português conquistou importantes prémios e distinções lá fora.