segunda-feira, novembro 12, 2012

Novas edições:
The Irrepressibles, Nude


The Irrepressibles 
“Nude” 
Naked Design Recordings
4 / 5

Há dois anos, quando se estrearam com o álbum Mirror Mirror traziam algo diferente e intrigante. Uma proposta que, sem voltar as costas à cultura pop, procurava contudo transcender os seus limites mais tradicionais, sugerindo a ambição de criar uma ideia pop orquestral (mais de câmara que coisa sinfónica). Choveram as comparações com Antony Hegarty (algo mais evidentes no canto que na construção musical e decididamente distante dos modelos que a voz que canta com os The Johnsons procura), mas na verdade a sua alma performativa falava mais alto e, como nos primeiros tempos de uns Fischerspooner, revelou ser elemento tão importante na construção desta ideia quanto a composição e o trabalho de moldagem à instrumentação adotada que os arranjos sugeriram. In This Shirt, que fechava o alinhamento, era a síntese de uma petição de princípios que, agora, conhece novo e mais consistente manifestação neste segundo álbum. Nude, o segundo álbum dos Irrepressibles, encontra um centro de gravidade entre dois extremos que habitam o alinhamento. Por um lado a visão pop orquestral, lírica, dramática e elegante. Por outro, um fulgor pop que acentua a presença do ritmo e das electrónicas (sem contudo abdicar nunca da presença do pequeno ensemble orquestral que cruza todo o disco). Barroca nas formas, mas ciente de uma noção de espaço que assim não afoga os arranjos, a música em Nude mostra, mais que no primeiro álbum, o que pode ser uma mais precisa definição dos contornos do percurso sonhado por Jamie McDermott (que tem um passado mais feito de pop que de uma vivência na música orquestral, o seu percurso sendo, de certa maneira, comparável – mesmo com as devidas diferenças – ao da demanda além-pop de Rodrigo Leão). Apesar de construído como um ciclo de canções, Nude destaca episódios como os que escutamos em Arrow (a mais evidente herança do álbum de estreia), o minimalista To Be (talvez o melhor momento do disco) ou a erupção de luminosidade pop que se escuta em Ship. Tal como o primeiro disco, é um objeto invulgar e diferente. Mas talvez hoje menos intrigante. Afinal, há uma história em construção e o primeiro capítulo, pelos vistos (e mesmo sem ter gerado um fenómeno maior) foi coisa consequente.