A cinefilia é uma questão de... bigodes?

Charlie Chaplin, O Grande Ditador (1940)

Assim vai a cinefilia...

Por exemplo, no site NextMovie. É um daqueles lugares da Net onde encontramos informação actualizada sobre estreias, trailers, notícias sobre as vedetas, etc. Tudo bem: o jornalismo não é, nem tem de ser, um curso superior com disciplinas fechadas e definitivas. Acontece que, na ligeireza de tudo aquilo, perpassa uma visão do cinema (e do mundo) que se confunde com a acumulação divertida (?) de curiosidades mais ou menos pitorescas, alheias a qualquer percepção inteligente do fenómeno cinematográfico.

Sintoma esclarecedor: agora, na sua prática rotineira de listas e tops, o NextMovie propõe um balanço dos "melhores bigodes cinematográficos de todos os tempos" (sic). E lá estão, por exemplo, Jean Dujardin em O Artista (2011), Charlie Chaplin em O Grande Ditador (1940) ou Clark Gable, em E Tudo o Vento Levou (1939)...

O mais extraordinário é que tudo isto é apresentado como um género "óbvio" da própria história do cinema: nenhuma contextualização de cada filme, nenhuma informação sobre a sua "história", nenhuma data! Apenas bigodes. E o banal reforço de uma visão pueril dos filmes e respectivas memórias.

Dir-se-á que não se tratava de elaborar uma tese universitária... Claro que não. Em todo o caso, o que fica é a mentalidade expressa em considerações deste teor: "Os altíssimos níveis de testosterona podem fazê-lo sentir um pouco tonto, mas tudo isso é parte do espanto."

Que virá a seguir? Um top dos sites que nos tratam como cinéfilos de chupeta na boca?