quinta-feira, outubro 11, 2012

Discos pe(r)didos:
The Lightning Seeds, Sense

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The Lightning Seeds
“Sense”
Virgin Records
(1992)

Era até então mais conhecido pelos trabalhos na produção, mas depois de assinar em 1989 o single Pure (que cativou atenções) e um álbum logo a seguir (Cloudcuckooland, editado já em 1990), Ian Broudie optou por dar maior visibilidade à sua carreira como autor e intérprete. E para isso formou os Lightning Seeds. Originalmente o projeto era uma banda de estúdio e de um músico só, apesar de convocar algumas colaborações na hora de gravar (e até mesmo na composição). Mas depois de Jollyfication, o mais ambicioso álbum de 1994, os Lightning Seeds tornara-se banda de facto, com agenda de estrada e tudo e, por essa altura, uma mão cheia de singles pop a dar que falar... Há um episódio intermédio entre a estreia em 1990 e o disco de 94 que do nome fez um dos casos importantes da pop britânica dos noventas. Chamou-se Sense e, editado em 1992, foi (pelo menos até agora, uma vez que a banda foi reativada há seis anos) o melhor disco do grupo liderado por Ian Broudie. Contando em alguns momentos com a colaboração na escrita de Terry Hall, o álbum aprofunda a visão pop sugerida no disco de estreia e propõe uma visão luminosa e colorida de canções que, mesmo cientes do fulgor que a música de dança então levara à linha da frente das atenções, opta por assimilar essa força, privilegiando valores mais clássicos como a construção melódica das linhas e o protagonismo da voz sobre os fundos rítmicos na arte final. Sense é um disco que sabe que os New Order vitaminaram um modo vibrante de iluminar a pop com uma dinâmica rítmica atenta às revelações da pista de dança e que escutou os ecos do fenómeno Madchester e das suas sequelas. Mas em vez de cavalgar a onda e repetir modelos, usa antes o que aprendeu ao olhar para o universo indie pop ao seu redor em favor de canções que, mesmo ostentando marcas de tempo, acabam por ser assim mais atemporais. É por isso que, 20 anos depois, o reencontro com canções como The Life of Riley ou o tema-título Sense, mesmo transportando ecos de memórias, não traga aquele sabor a coisa irremediavelmente datada (como o são alguns outros discos seus contemporâneos).