terça-feira, outubro 09, 2012

Novas edições:
Tori Amos, Gold Dust


Tori Amos
"Gold Dust"
Deutsche Grammophon / Universal
5 / 5

Há cerca de um ano Tori Amos estreava-se no catálogo da Deutsche Grammophon com Night of Hunters, um disco no qual visitava obras da tradição clássica ocidental, dessas memórias da música de compositores como Bach, Chopin, Debussy ou Satie, partindo ( na forma de variações) para criar um ciclo que, assim, abarcava 400 anos de vivências e referências. Reforçando a sua presença neste catálogo essencialmente focado na música clássica, estabelece agora em Gold Dust uma ideia diferente. Mantém o trabalho com a orquestra (sem nunca abandonar o piano), mas desta vez estamos apenas perante composições de sua autoria. O alinhamento revisita a sua discografia, colhendo canções que recuam até aos dias de Little Earthquakes, transformando-as depois segundo os novos arranjos propostos pelo canadiano John Philip Shenale (na verdade, o mesmo parceiro de tantos arranjos já revelados em gravações de muitos outros discos seus). Apesar de ser sonho antigo da cantora, foi preciso um convite para que Gold Dust ganhasse forma. Tudo começou quando a Metropole Orchestra a convidou para participar num concerto seu, inicialmente com uma canção. Tori Amos pensou então numa caixa de memórias, mas feita de sons. Desafiou o velho colaborador John Philip Shenale e começaram, juntos, a “desenhar ideias específicas” para a orquestra. Durante os ensaios com a orquestra deu por si a fazer descobertas entre canções que ela mesma escrevera. E da editora chegou depois a sugestão de gravar o que estava a acontecer. Entraram em cena mais canções, rumando cantora e orquestra à Holanda, onde de uma série de sessões em estúdio emergiu este disco.  Em tempos, Tori Amos questionava-se se manteria a mesma intimidade com as canções, tocando- as entre 50 músicos. Gold Dust responde-lhe agora. Mantém sim. E com resultados magníficos, dos diálogos das canções com a orquestra – onde se cruzam referências sinfonistas e do universo do musical – nascendo um dos seus melhores discos de sempre.

Este texto é uma versão editada de um outro que foi originalmente publicado na edição de 3 de outubro do DN com o título 'Vinte anos de canções revisitados com orquestra'