segunda-feira, outubro 15, 2012

Novas edições:
Martha Wainwright, Come Home To Mama


Martha Wainwright
“Come Home to Mama”
V2 / Coop
2 / 5

O nome pode ser cartão-de-visita, mas Martha Wainwright sempre fez questão de deixar claro que é a si mesma que deve a expressão daquilo que a sua música nos mostra, as eventuais ligações familiares, mesmo quando inevitáveis, estando nos seus discos sempre longe de ser um centro gravítico de atenções. Mas ao seu quarto álbum (o terceiro de originais) algo de diferente acontece. E ao apresentar no alinhamento uma gravação de Proserpina, aquela que foi a última canção que a sua mãe, Kate McGarrigle, apresentou publicamente, Martha leva mais que nunca a presença familiar a um disco seu. Contudo, na verdade não faz aí senão o ato de dar voz (e um a fixação material enquanto gravação em estúdio) de uma canção que usa metáforas para abordar a relação entre uma mãe e uma filha, no fim acabando por não deixar de manter firme esse desejo sempre evidente de fazer da sua música um espelho de si mesma e não tanto dos espaços em seu redor (e daqueles que o habitam), até mesmo quando resolveu vestir de forma bem pessoal algumas memórias de Piaf num álbum ao vivo que gravou em Paris. Mas, apesar de refletir uma vez mais de forma bem honesta e pessoal sobre o seu mundo, musicalmente Come Home To Mama revela contudo o menos focado dos seus discos. Longe da candura herdada da folk que caracterizada o belo álbum de estreia em 2005 e da mais vincada visceralidade de I Know You’re Married But I’ve Got Feelings Too (de 2008), o novo disco nasceu de sessões no estúdio de Sean Lennon sob a atenção de Yuka C Honda (ex-Cibo Matto e produtora deste álbum), contando ainda com as colaborações de Nels Cine (dos Wilco) ou Jim White (Dirty Three)... Se a abordagem classicista protagonizada pela voz e piano em Proserpina se aproxima da memória da atuação da sua mãe no último concerto em família antes da sua morte e a aventura sob a presença de formas electrónicas em Four Black Sheep sugere o desbravar de novos espaços (que todavia não aprofunda), o alinhamento revela depois uma deambulação por menos imaginativos terrenos pop/rock de travo indie (sob ecos clássicos, ora mais folk, ora mais urbanos) e arredores, a própria presença da voz por vezes mais sugerindo aquele patamar em que se experimentam ideias, antes daquela necessária etapa de reflexão em que se escolhem depois as melhores. Já ouvimos melhor por estes lados...