GOTTFRIED HELNWEIN Modern Sleep 9 2004 |
>>> Imaginemos uma planta com as raízes no ar e a flor debaixo da terra — mas raízes eficazes, e uma flor perfeitamente organizada. A máquina desta planta é um milagre de energia. Foi tocada pelo sopro da alegria criadora. Faz coisas simétricas, assimétricas — maravilhas circulatórias e respiratórias: estruturas vivas. Mas está de cabeça para baixo. Não se integra nas matemáticas gerais. Falha nas relações. É outro milagre — um rasgão, uma oposição, uma subversão: um clarão. O conjunto estremece, abalado por uma luz nova. Todas as coisas refluem então para este centro devorador, este aparelho centrípeto. O contra-senso é o senso.
Herberto Helder
(Assírio & Alvim, Lisboa, 1987)