quinta-feira, agosto 09, 2012
Berlim, 1936
Por razões mais políticas que desportivas os jogos que Berlim recebeu em 1936 ficaram na história das olimpíadas. Com evidente vontade em superar os feitos organizativos de Los Angeles (quatro anos antes), a Alemanha de Hitler não só promoveu a construção de estruturas arquitectónicas impressionantes como dotou a cobertura das olimpíadas das mais modernas tecnologias ao serviço da comunicação. Sob ameaça de boicote internacional a organização viu-se obrigada a acolher a participação de atletas judeus e negros. Mesmo com esta “derrota”, a Alemanha encarou este momento como uma forma de afirmação internacional. A consciência da importância da imagem nesse quadro de propaganda abriu caminho para a produção de um filme – Olympia, de Leni Riefenstahl – que ainda hoje é um dos mais importantes legados culturais dos Jogos Olímpicos.
Espanha e a URSS boicotaram a sua presença nos jogos. Participaram então perto de quatro mil atletas, disputando 129 provas em 19 modalidades. A Alemanha foi quem mais medalhas arrecadou, juntando um total de 89 (33 de ouro), seguida pelos EUA com 56 (24 de ouro) e Itália com 22 (8 de ouro). Portugal ganhou uma medalha de bronze, na equitação.
Imagens de Olympia, o filme da realizadora Leni Riefenstahl que nasceu da cobertura dos jogos de Berlim. Com um orçamento milionário, a realizadora dispôs de tecnologia e infraestruturas que lhe permitiram olhar o que entendesse dos ângulos que pretendesse. Sendo que há na montagem final algumas reencenações de alguns momentos. O filme, que abriu caminho a ideias que o documentarismo depois assimilou, não deixou nunca de gerar um discurso dividido pela ligação da realizadora ao poder nazi e ao seu trabalho de propaganda em favor do regime.