1. Este é o primeiro cartaz de Oz: The Great and Powerful, um filme para 2013, adaptando o livro The Wonderful Wizard of Oz, de L. Frank Baum, que serviu de base ao clássico O Feiticeiro de Oz (1939), com Judy Garland — de acordo com as informações divulgadas pela produção, trata-se não de uma "continuação", mas de um regresso aos fundamentos da história...
2. Será "bom"? Será "mau"? Não é isso que está em causa.
3. O que justifica alguns momentos de reflexão é o estranho vazio do próprio cartaz. Desde logo pela sua "banalidade" simbólica, mostrando-se incapaz de evocar qualquer iconografia especificamente cinematográfica, a não ser, no fundo, as torres verdes do palácio de Oz (... mas quantos espectadores potenciais têm idade e memória para se lembrarem das torres verdes do palácio de Oz?...). É um balão, com uma personagem não identificável, que serve para lançar a nova versão de Oz?
4. Depois, há essa coisa extraordinária, em boa verdade cada vez mais frequente, que consiste em definir os filmes, não a partir de nomes, mas sim de funções supostamente pertinentes do ponto de vista comercial. Neste caso: "do produtor de Alice no País das Maravilhas" e, na segunda linha, "do visionário realizador da trilogia de Homem-Aranha". Será que os especialistas de marketing que, algures nos seus gabinetes de Los Angeles ou Nova Iorque, prepararam esta campanha consideram que, pelas paragens mais remotas do planeta, haverá multidões de espectadores a reflectir com ansiedade: "Ah, é produzido por Joe Roth... então quero ver!". Mesmo os militantes da trilogia de Homem-Aranha, quantos sabem que Sam Raimi assinou os respectivos filmes? E o que é que isso pesa na sua relação com o cinema?
5. Esperemos que o filme seja brilhante e, em particular, que saiba ser digno da herança (literária e cinematográfica) que o inspira. Em todo o caso, fica esta amarga constatação: por vezes, a própria indústria revela-se como uma máquina estranhamente desprovida de memória, dir-se-ia alheada até do seu riquíssimo património.