quarta-feira, julho 11, 2012

Novas edições:
Lawrence Arabia, The Sparrow


Lawrence Arabia
“The Sparrow”
Bella Union
3 / 5

Do outro lado do mundo chegam-nos (naturalmente) todas as músicas. Não apenas a pop electrónica de uns Presets ou Cut Copy ou o psicadelismo tribal de uns Ruby Suns, isto para não falar nas referências históricas que apontamos inevitavelmente num Nick Cave, nuns Dead Can Dance ou Crowded House... São todavia estes últimos aqueles em que maiores afinidades encontramos com a música que o neozelandês James Milne propõe no terceiro álbum que lança sob a designação Lawrence Arabia. Basta escutar o claro trabalho de guitarra acústica que escutamos em The Listening Times ou os arranjos com cordas em Lick Your Wounds para reconhecer o classicismo de uma pop elaborada e melodista que conheceu escola naquele que foi o projeto mais consistente da obra de Tim Finn e que fez dos Crowded House um importante herdeiro das memórias dos Beatles. John Lennon é, de resto, figura certamente cara a um músico que tanto parece interessado na construção de uma realidade musical refletida e elaborada como no contar das histórias que leva a cada canção. Depois de talhar primeiras propostas entre Lawrence Arabia (2006) e Chant Darling (2009), The Sparrow parece mostrar um músico mais ciente do caminho que quer seguir, certo sendo que ainda está a ensaiar passos e a experimentar ideias. O alinhamento, de concisas nove faixas (a conta certa para um álbum, convenhamos) dá sinais de interessantes progressos face aos discos anteriores. E mostra unidade num conjunto de canções onde tanto habitam os tons noturnos e mais despojados que escutamos em Bycicle Riding como nos pólos ritmicamente mais marcados (mas sem euforia festiva) num luminoso Travelling Shoes ou no mais melancólico The 03, feito de linhas que lembram um Eliott Smith. Aparente álbum de transição, The Sparrow é contudo um disco que chama atenções para um nome que pode valer a pena acompanhar de perto...