É o filme das imagens fixas. Ou talvez não... Feito, no essencial, a partir de uma montagem de fotografias, acompanhadas por um "narrador" que evoca o pré e o pós-Terceira Guerra Mundial, La Jetée/O Pontão (1962) é um objecto de continuado fascínio em que, por assim dizer, o cinema expõe (e, em boa verdade, celebra) o seu mais genuíno movimento interior.
No limite, a quietude das imagens de Chris Marker é irrelevante, ou melhor, visceralmente ambígua — o cinema nasce não da "velocidade" das imagens (estúpida ilusão criada em alguns espectadores pelo "modernismo" dos efeitos especiais, devidamente sustentado por um jornalismo sem memória), mas sim do contágio orgânico dos seus elementos. E a sua vertigem é contagiante!
No limite, a quietude das imagens de Chris Marker é irrelevante, ou melhor, visceralmente ambígua — o cinema nasce não da "velocidade" das imagens (estúpida ilusão criada em alguns espectadores pelo "modernismo" dos efeitos especiais, devidamente sustentado por um jornalismo sem memória), mas sim do contágio orgânico dos seus elementos. E a sua vertigem é contagiante!
Mil vezes citado, outras tantas copiado, este é um filme que nos ensina a sentir/pensar o olhar como um exercício que se enraíza na singularidade de cada elemento visual, na sua cumplicidade com outros e também nas muitas formas de estranheza que nascem de tais relações. Entre as mais célebres homenagens a La Jetée, vale a pena rever o teledisco de uma canção de David Bowie, Jump They Say, realizado em 1993 por Mark Romanek.