domingo, julho 01, 2012

Bartók na América

Duas obras orquestrais de Bartók pela Baltimore Symphony Orchestra, dirigida por Marin Alsop. A edição é da Naxos.

A maestrina Marin Alsop é, de pleno mérito, uma das grandes figuras do panorama musical norte-americano do nosso tempo. Grande admiradora e reconhecida herdeira da visão de um Leonard Bernstein, Alsop tem vindo a registar uma importante discografia (nos últimos tempos sobretudo à frente da Baltimore Symphony Orchestra) que, através de gravações de obras de Glass, Adams, Bernstein, Brahms ou Dvorák, tem ganho merecida exposição à escala global. Bela Bartók (1881-1945) não é um nome estranho à sua discografia. E com a Bournemouth Symphony Orchestra, editou (também pela Naxos) gravações de O Mandarim Maravilhoso (2005), O Castelo do Barba Azul (2008) ou O Príncipe de Pau (2007). Agora, com a orquestra de Baltimore, apresenta uma gravação do Concerto para Orquestra, a última grande obra orquestral que assinou, estreando-a em Nova Iorque em 1943 (propondo uma revisão em 1945).

O húngaro Béla Bartók foi um entre os muitos vultos das artes europeias a rumar ao outro lado do Atlântico nos dias da II Guerra Mundial. Firme opositor do regime nazi, deixara de dar concertos na Alemanha desde meados dos anos 30. E em 1940 sai de uma Europa em guerra rumo aos Estados Unidos, onde fixa residência em Nova Iorque, onde viveu os seus últimos anos. Contudo, e apesar do reconhecimento já conquistado como pianista, musicólogo e professor, Bartók viveu ali dias difíceis. Não só pelas difíceis condições económicas que então enfrenta, mas também porque é em finais de 1940 que sente os primeiros sinais de uma leucemia que só lhe será diagnosticada anos depois. Data contudo desta etapa “americana” da sua vida a composição do Concerto para Orquestra, magnífica obra em cinco andamentos que reflete não apenas uma vontade de explorar (e dar visibilidade) aos vários instrumentos de uma orquestra, como reflete interesses pelas dinâmicas rítmicas e por heranças folk que há muito caracterizavam a sua linguagem. Tudo isto conciliando todo este quadro de referências numa música espantosamente acessível.

A completar o alinhamento surge outra das últimas obras orquestrais de Bartók: Música para Cordas, Percussão e Celesta (de 1936).