domingo, maio 06, 2012

IndieLisboa 2012 (dia 11)


Uma separação vista do banco de trás de um carro. Pelos filhos do casal, entenda-se. É esta a premissa que nos conduz através De Jueves a Domingo, filme de Dominga Sottomayor (Chile) que venceu a edição deste ano do IndieLisboa. Acompanhamos pai, mãe, filho e filha num percurso algures no Norte ensolarado do país, num fim de semana prolongado, os pequenos nadas de uma viagem, os jogos e brincadeiras do banco de trás cruzando-se com uma tensão latente entre os bancos da frente, a narrativa evoluindo entre os fragmentos de instantes que vamos acompanhando, do compromisso entre o ponto de vista dos filhos e de uma composição visual que traduz um certo realismo nascendo a credível visão de um casamento em tempo de desagregação. O filme repete hoje, pelas 18.00 na Culturgest

Vejam aqui a premiação do IndieLisboa 2012
E aqui a premiação na área das curtas-metragens.


Hoje, último dia do festival, repetem alguns dos filmes premiados. Entre eles Whore’s Glory, de Michael Glawogger, vencedor do prémio do público para Melhor Longa Metragem, que passa no Cinema São Jorge às 21.45. Às 16.30 o Cinema Londres apresenta Le Voyage Extraordinaire, de Serge Bromberg, uma visão sobre a história do filme Le Voyage dans La Lune, de Meliès, da sua rodagem ao recente restauro. O destaque maior do dia recai todavia sobre a antestreia nacional de Take Shelter (que entre nós terá o título Procurem Abrigo), de Jeff Nichols, que passa na Culturgest pelas 21.30.


No blogue de cinema do DN escrevi sobre o filme Viva Las Antípodas, de Victor Kossakovsky, que hoje passa no Cinema Londres às 14.30.

Dada a arrumação das nossas massas continentais, não são muitos os pontos do globo em que se viva com alguém nos antípodas. Daí que, ao pensar um filme que vive da contemplação de possíveis pares de lugares (e gentes) que vivam precisamente de um e outro lado do globo, Victor Kossakovsky tenha escolhido quatro exemplos. (...) As imagens traduzem um interesse fotográfico (algo virtuoso) por uma ideia de contemplação da paisagem. E se são interessantes alguns momentos de raccord entre antípodas (como o padrão de lavas pahoehoe no Hawai e a pele enrugada de um elefante no Botswana) e interessantes pequenos pormenores como um carro capotado que sugere a ideia de alguém que, do outro lado, viverá “de pernas para o ar” (em função do referencial inicial, naturalmente), já o excesso de rotações da câmara, a vincar aos sete céus a ideia de oposição entre os dois lados do mundo é elemento dispensável. – Podem ler aqui o texto completo.