domingo, abril 08, 2012

Um percurso por Versalhes (1)

Fotos: N.G.

Chegamos ali depois de uma viagem de comboio, na verdade uma linha do RER (uma expressão suburbana da rede de metro de Paris), que não chega a pedir mais de meia hora de percurso. Saindo da estação viramos à direita rumo à Avenue de Paris, a estrada que Luis XIV mandara construir no século XVII para unir a nova residência real em Versalhes à capital, a pouco mais de 20 quilómetros de distância.

Mal entramos na avenida a enormidade do palácio domina a paisagem. Não apenas o palácio em si mas todas as estruturas que foram construídas em seu redor, incluindo os grandes estábulos, o canil e edifícios de estado, traduzindo a concentração de perto de oito mil pessoas que, a dada altura, habitavam o palácio e suas imediações, num tempo em que o rei chamou a si a condução absoluta dos destinos da França. Instrumento de afirmação de poder perante não apenas os franceses mas também os emissários estrangeiros que ali eram recebidos (levando notícias de um palácio de dimensões e magnificência ímpares), Versalhes foi também uma chave para o controle pelo rei daqueles que viviam ao seu redor. Concentrando a corte num grande palácio longe da cidade era mais fácil ao rei saber quem fazia o quê, a própria imposição de um complexo e rígido código de etiqueta assegurando mais ainda o cumprimento de uma hierarquização dos poderes.


Ao longo das próximas semanas vamos aqui, em episódios espaçados, fazer uma visita atenta aos espaços do Palácio de Versalhes, à sua história e quotidiano. De finais do século XVII até ao dia, em inícios de Outubro de 1789, em que uma multidão exigiu o regresso de Luis XVI a Paris, Versalhes foi o centro do poder em França e a principal residência de três reis (na verdade só durante a regência nos primeiros anos do reinado de Luís XV Versalhes viveu de salas quase vazias). Hoje uma multidão passa diariamente pelas suas galerias, apartamentos e jardins.


Estas primeiras imagens mostram olhares de pormenor sobre os espaços frente ao Palácio. O trio de imagens mostrado mais acima olha em concreto as esculturas e gradeamentos que zelam pelo espaço em seu redor. A terceira imagem espreitando o portão que define a zona mais interior do grande pátio central. Esta outra imagem dá-nos uma visão, já depois de passado o gradeamento, desse mesmo pátio onde se reconhece, ao centro (no que corresponde ao velho “pátio de mármore”) reconhecendo-se os elementos mais antigos da construção (se bem que já muito modificados) que correspondem ao pavilhão de caça que Luis XIII ali construiu em inícios do século XVII e que esteve na génese dos alargamentos que o transformariam no palácio que fez história.


Neste díptico deixamos um jogo de comparações. Em cima uma visão geral do palácio em 1668, tal e qual o habitou a dada altura Luis XIV, antes contudo de obras de alargamento que desenvolveria depois e que fariam de Versalhes o complexo imponente que hoje conhecemos. Na imagem inferior, a chegada ao palácio, pela Avenue de Versailles, em 2012.