domingo, abril 15, 2012

Titanic, 15 de abril de 1912


Era meia noite quando ficou claro que o navio não tinha salvação possível. A tripulação tentou manter a notícia fora do alcance dos passageiros durante os primeiros instantes, mas em pouco tempo a palavra passou e o destino do navio tornou-se evidente para todos. O telegrafista começou a enviar pedidos de socorro, deixando logo claro que o navio se ia afundar. Antes da meia noite e meia o primeiro salva vidas era lançado ao mar, a bordo seguindo a atriz Dotothy Gibson (que interpretaria o papel de si mesma no primeiro filme sobre o naufrágio, Saved From The Titanic, que estrearia um mês depois). A regra para o embarque era clara: mulheres e crianças primeiro, embarcando sobretudo os passageiros de primeira e segunda classes, algumas mulheres e crianças de terceira tendo conseguido ainda alguns lugares. Houve contudo uma certa desorientação no embarque nos salva vidas e os primeiros a descer à água, em virtude do caos que se instalara no navio, levavam muito menos pessoas que a capacidade para a qual haviam sido desenhados. Uma das razões para o tamanho número de vítimas decorreu certamente da quantidade de lugares vazios nestes primeiros barcos.

Um casal idoso, Isidor e Ida Strauss, decidiram enfrentar juntos a morte em lugar da separação que lhes era proposta pelo embarque de Ida num salva vidas. Outro casal célebre, John Jacob Astor IV e a sua mulher Madeleine, os mais ricos a bordo, teve destino diferente, ela salvando-se no salva vidas quatro, ele acabando nas águas do Atlântico, onde foi encontrado dias depois com uma fortuna em notas de dólar e libras. Benjamin Guggenheim, outro dos passageiros célebres, vestiu-se a rigor e, com o seu valete, avisando que se preparavam para ir para o fundo “como gentlemen”.
O último salva-vidas chegou ao mar a menos de meia hora dos instantes finais do naufrágio. O navio estava já substancialmente inclinado. Segundo os relatos da época e os factos entretanto apurados junto dos destroços sabe-se que o Titanic rompeu-se a meio, a metade de trás acabando por mergulhar, a pique, por volta das 02.20. Das centenas de pessoas que ficaram então na água apenas 13 sobreviventes foram recolhidos pelos salva vidas que então patrulharam o local depois do navio ter afundado. Eram quatro da manhã quando o navio Carpathia chegou, recolhendo então os que estavam a bordo dos salva vidas.

Das 2224 pessoas a bordo apenas 710 sobreviveram ao naufrágio. As taxas de vítimas foram maiores entre os homens (82%) e tripulação (78%). Mas há diferenças enormes entre as divisões pela classe em que viajavam os passageiros. 51% das 109 crianças que viajavam sobreviveram. Mas ao passo que foram salvas seis das cinco que seguiam em primeira classe e todas as 24 com bilhete de segunda (a única taxa de sobrevivência a 100% no acidente), perderam a vida 66% das 79 que iam em terceira classe. Também entre as 402 mulheres que iam como passageiras a bordo (com a maior taxa de sobrevivência, na casa dos 74%), as perdas de vidas entre primeira, segunda e terceira classes foram, respetivamente, de 3, 14 e 54%... Entre os homens salvaram-se 33% dos 175 que viajavam em primeira classe, apenas 8% dos 168 que seguiam em segunda e 16% dos 462 de terceira. Entre a tripulação perderam a vida três das 23 mulheres que trabalhavam no navio. Entre os 885 tripulantes homens sobreviveram 192.

Depois de termos visitado as abordagens do cinema de ficção ao naufrágio do Titanic hoje lembramos alguns dos documentários que tomaram o navio como objeto da sua atenção.

Os destroços foram encontrados em 1985 e dois anos depois Secrets of The Titanic surgiu em produção da National Geographic. De 1991 data Titanica, que usa em formato IMAX imagens captadas por expledições submarinas aos destroços do navio. Mais recente é, de 2003, o filme de James Cameron Ghosts of The Abyss, que cruza imagens captadas por dois robots entre os destroços com a recriação de figuras reais que seguiam a bordo do Titanic.