terça-feira, abril 24, 2012

Novas edições:
Dandy Warhols, This Machine

The Dandy Warhols
"This Machine"
Naïve 
2 / 5

A insistência com que Bohemian Like You andou por aí a ouvir-se por volta do ano 2000 parecia capaz de arrumar os Dandy Warhols no departamento dos novos heróis pop com ares de coisa alternativa em tempos de viragem de século... Mas a coisa passou. E se antes o grupo tinha já concebido em ...The Dandy Warhols Come Down (1997) um dos melhores exercícios de revivalismo new wave dos anos 90 (quando não era ainda ementa na ordem do dia), em 2003 apresentavam em Welcome To The Monkey House (com nomes como os de Nick Rhodes e Tony Visconti na produção) uma visão definitiva sobre essa mesma ideia pop, musculada nas guitarras e de arestas polidas pelos sintetizadores, em nada procurando capitalizar o efeito da canção que acabara transformada em ocasional episódio de popularidade alargada. Formados em Portland, no Oregon, em 1994, os Dandy Warhols mostraram ao longo dos anos de afirmação da sua identidade um interesse evidente pela escrita de canções de recorte “clássico”, um gosto pelos ecos da new wave e de mais remotas formas que associamos a naturais heranças do psicadelismo de finais dos sessentas e uma pose que assegurou claras ligações aos universos indie (mesmo quando se encontraram ligados a uma multinacional). Passaram quase dez anos sobre uma altura em que o nome do grupo era valor acrescentado de um cartaz de festival e as suas canções caminhavam entre as bandas sonoras de quem caminhava ao sabor do que o momento ia inventando... Uma maré de revivalismos new wave tomou o palco pop/rock alternativo global e os Dandy Warhols seguiram outros caminhos editando outros discos, procurando outros destinos. Não que tenham sido feitos de erros ou fracassos os seus últimos dez anos, mas salvo em ocasionais momentos - como o foi o single Have a Kick Ass Summer (Me and My Friends), hino de verão em 2006 com cores e alma à la Beach Boys mas corpo de eletricidade mais marcada - nunca mais a sua música marcou a agenda dos acontecimentos. This Machine é o seu primeiro álbum de originais em quatro anos mas, apesar de trazer momentos interessantes (como o são o single Well The’re Gone ou The Autumn Carnival), em nada muda o cenário. Há aqui ecos dos seus focos de interesse de outros discos (a new wave, o psicadelismo), há uma fugaz presença de David J (ex-Bauhaus e ex-Love and Rockets) na escrita de um dos temas. Há até coerência na forma como conduzem uma certa vontade em procurar um sentido para o disco num espaço rock onde o melodismo pop convive com uma libertação de formas e um certo impulso “experimentalista” (ma non troppo, convenhamos). Se a coisa corre bem quando arrumam as ideias (como sucede nos dois temas acima citados), noutros instantes o disco parece ser eco de acontecimentos em sala de ensaio que ganharam retrato definitivo antes de estar prontos para o ser.