THE SCOTSMAN (Escócia) |
A dimensão dantesca dos crimes de Anders Behring Breivik não pode deixar de nos fazer sentir que não é simples representá-lo, isto é, dar a ver a sua imagem? Desde logo, porque deparamos com uma pergunta muito crua: que imagem?
Escusado será dizer que, perante o julgamento de Breivik, a decorrer em Oslo (desde o dia 16 de Abril), os meios de comunicação estão, conscientemente ou não, confrontados com tais interrogações. Sem pretender resumir a complexidade de tal conjuntura mediática, registam-se aqui três modos de dar a ver Breivik na primeira sessão do seu julgamento (são, todos eles, de jornais do dia 17).
Há claras diferenças de grau, ou melhor, de escala na imagem de Breivik — do grande plano ao plano geral. Ou ainda: no tratamento de Breivik enquanto imagem. Dir-se-ia que, de cima para baixo, o espaço se alarga, literal e simbolicamente: em The Scotsman, o protagonista é quase só uma personagem que se confunde com o simbolismo do seu gesto; em Aftenposten, a presença de uma entidade policial indicia já o enquadramento da sua apresentação; enfim, em Helsingborgs Dagblad, a figura funciona no interior de uma cena cuja organização se torna mais nítida.
Não se trata de considerar que alguma destas representações é "melhor" ou "pior" que qualquer outra (até porque, obviamente, o seu funcionamento não pode ser separado da matéria escrita). Trata-se, isso sim, de sublinhar como as imagens, desde a produção até à difusão, envolvem sempre escolhas alheias a qualquer "naturalismo" automático e televisivo — dar a ver é refazer a ordem do mundo.
AFTENPOSTEN (Noruega) |
HELSINGBORGS DAGBALD (Suécia) |