Escritor italiano, nascido em Pisa, a 24 de Setembro de 1943, Antonio Tabucchi foi um dos grandes tradutores e especialistas da obra de Fernando Pessoa — faleceu em Lisboa, vítima de cancro, no dia 25 de Março.
De formação com fortes raízes francófonas, foi na Sorbonne, em Paris, que Tabucchi descobriu a escrita de Pessoa. Seria o princípio de um longo envolvimento com o universo pessoano e também com Portugal que, para ele, era o "país de adopção". Publicou o primeiro romance, Piazza d'Italia, em 1975, isto já depois de se ter formado, em 1969, com uma tese sobre "O surrealismo em Portugal". Nocturno Indiano, cuja primeira edição data de 1984 (Prémio Médicis, em França, de melhor romance estrangeiro), foi um livro decisivo para o seu reconhecimento internacional, podendo o seu dispositivo dramático — uma estrangeiro numa terra estranha — definir uma das matrizes essenciais de toda a sua obra. Seria também o primeiro dos seus romances a ser adaptado ao cinema, por Alain Corneau, numa produção de 1989 protagonizada por Jean-Hughes Anglade. Entre as suas versões cinematográficas, destacam-se ainda O Fio do Horizonte (1993), de Fernando Lopes, uma reflexão intimista sobre a morte, com Claude Brasseur, e Afirma Pereira (1995), de Roberto Faenza, com Marcello Mastroianni a assumir a personagem de um jornalista nos primeiros anos da ditadura salazarista. Cronista de jornais como o Corriere della Sera e El Pais, o discurso de Tabucchi manteve sempre uma especial atenção à actualidade política, nomeadamente através de posições de severa crítica da governação de Silvio Berlusconi. Era professor de literatura portuguesa na Universidade de Siena. O seu derradeiro livro, O Tempo Envelhece Depressa, será lançado em Abril, pela editora Dom Quixote.
>>> Obituário no Libération.
>>> O último artigo de Antonio Tabucchi: "'Desberlusconizar' Italia" (El Pais).