segunda-feira, fevereiro 13, 2012

Novas edições:
Lindstrom, Six Cups of Rebel


Lindstrom 
“Six Cups Of Rebel” 
Smalltown Supersound 
2 / 5

Apesar da multidão de singles que tem em seu nome desde 2003, do conjunto de discos criados em parcerias (de Prins Thimas a Christabelle), não esquecendo ainda um vasto lote de remisturas para terceiros, o norueguês Hans-Peter Lindstrom só agora lança aquele que apresenta como o seu segundo álbum de originais. Sucessor do invulgar (mas bem interessante) Where You Go I Go Too (de 2008), o novo Six Cups Of Rebel parece contudo mais um mapa de experiências e ensaios que uma ideia firme (que seria de esperar em tão distinta obra ao fim de quatro anos sem álbum em nome próprio). O alinhamento, convenhamos, abre até de forma convidativa ao som de No Release, uma construção repetitiva para órgão que vê o fraseado central no centro de uma progressão discreta de intensidade ao seu redor (ecoando de longe sensações que em tempos encontrámos em peças que Philip Glass apresentou para espaços de dança em finais dos anos 70). O álbum lança-se depois por terrenos mais próximos das demandas com genética space disco que o músico há anos explora (e que registou na antologia de singles e máxis que juntou em 2007 em It’s a Feedelity Affair), mas à exceção da sugestão de formas bem definidas que propõe em De Javu e da mais interessante deambulação mais suave em Call Me Anytime, o espaço parece mais de casa desarrumada ou de alma desnorteada. Na verdade Lindstrom só parece retomar um caminho quando chegamos a Hina, que fecha o alinhamento, retomando uma lógica que cruza a sua própria linguagem space disco com a insistência repetitiva de ecos do minimalismo. Six Cups of Rebel lembra por isso a velha (sim, bem antiga) história do condutor que, quando Lisboa e Porto ainda não estavam ligados por autoestrada, havendo apenas uns quilómetros lançados nas imediações de cada uma das duas cidades, contava a um amigo que tinha ido de Lisboa ao Porto de autoestrada, mas que a perdera logo depois para só reencontrar já perto do Douro. E convenhamos que, mal chega às estradas secundárias, Lindstrom parece aqui bem perdido...