quinta-feira, fevereiro 09, 2012

Discos Pe(r)didos:
Future Sound of London, Lifeforms


Future Sound of London
"Lifeforms"
Virgin Records
(1994)

A alvorada dos anos 90 foi palco para inúmeras investidas (umas mais outras menos) experimentais pelos territórios da música electrónica. Mais que procurar apenas texturas ou novas encenações para a exploração de padrões rítmicos assimilados entre as mais recentes tendências da música “de dança”, uma pequena multidão de músicos lançavam-se na exploração das potencialidades de novas tecnologias (abarcando além da música a criação de imagens e também novas linhas de transmissão de som a grande distância). É da integração de muitas dessas novas cartas em jogo que se abrem caminhos a novas visões e ideias, entre os músicos que então se davam a conhecer destacando-se uma série de nomes interessados em investigar caminhos por um lado próximos das heranças de uma ideia de “música ambiental” (escola Brian Eno) mas por outro interessados em não morar num patamar de contemplação próximo das periferias do silêncio, ao mesmo tempo evidenciando heranças de alguns dos primeiros experimentadores das electrónicas em terreno distinto das vanguardas serialistas (e periferias). Os Future Sound Of London (FSOL), um duo constituído por Gary Cobain e Brian Dougans foram um entre os mais ativos pólos de experimentação das electrónicas na primeira metade dos noventas, formando com nomes como os de Pete Namlook, The Orb ou Aphex Twin um espaço de invenção que então deu frutos e cativou atenções. Estreados em 1992 com Accelerator (álbum em cujo alinhamento se destacava a presença de Papua New Guinea, tema dominado por um sample com a voz de Lisa Gerrard), voltaram a editar como FSOL após uma experiência mais “ambiental” como Amorphous Androgynous. Lifeforms, editado em 1994, é um clássico maior das electrónicas dos anos 90. É um disco duplo, feito de uma sucessão de quadros interligados, formas em permanente evolução, melodias umas mais sugeridas outras mais desenhadas e com todo o edifício rítmico integrado na evolução das composições (e não feito matriz que define e molda uma arquitetura de sustentação). Essencialmente feito de linhas abstratas, o álbum está contudo longe de ser um espaço de improvisação e acontecimentos aleatórios, pontualmente desenhando instantes de formas mais definidas (como sucede em Cascades ou Lifeforms, inclusivamente editados então em formato de singles e com considerável reconhecimento). O álbum acolheu colaborações de figuras como Elisabeth Frazer (dos Cocteau Twins, precisamente em Lifeforms), Toni Halliday (dos Curve), Robert Fripp ou Talvin Singh e representou o episódio mais interessante da obra de um projeto que ainda hoje se encontra ativo, apesar de quase invisível no quadro do panorama global desde meados dos anos 90.

E desde então? 
Apesar de algum silêncio na segunda metade dos anos 90, regressaram já depois do milénio como Amorphous Androgynous, retomando o nome FSOL em 2007, desde então tendo editado três novos álbuns e atuado ao vivo. Este ano, como Amorphous Androgynous, vão colaborar no novo disco de Noel Gallagher.