quarta-feira, fevereiro 15, 2012

BERLIM 2012: nome Rafa

No seu capuz tristonho, Rafa (Rodrigo Perdigão) parece ser o figurante de uma história ausente, demasiado dolorosa para ser contada. E assim é, de facto, porque a ausência é a própria mãe (presa numa esquadra de polícia), essa origem de todas as histórias. João Salaviza, a concurso na secção de curtas-metragens da Berlinale, prolonga o universo suburbano de Arena (Palma de Ouro, Cannes/2009), continuando a contemplar uma solidão enraizada numa estranha e paradoxal forma de orfandade — há um realismo de risco, austero e visceral, no mais interessante cinema português e esse realismo passa por aqui.