Kurtz: I expected someone like you. What did you expect? Are you an assassin?
Willard: I'm a soldier.
Kurtz: You're neither. You're an errand boy, sent by grocery clerks, to collect a bill.
(in Apocalypse Now, 1979)
Há qualquer coisa de pueril em tudo isto, qualquer coisa que ignora (ou finge ignorar) que o regresso do apresentador inglês decorreu, acima de tudo, da tentativa de garantir boas audiências televisivas, ancoradas na expectativa de repetição do "escândalo" do ano passado.
Qual escândalo? Eis o que importa perguntar. De facto, vivemos sob o jugo de um imaginário jornalístico (?) que só sabe valorizar as "agitações" e "polémicas" de todos os géneros. Veja-se no futebol: qualquer treinador que, com ou sem razão, ataque os "árbitros" tem garantidos vários dias de manchetes. Depois, passa-se à frente... Em boa verdade, Gervais não foi "melhor" nem "pior" que o ano passado. Limitou-se a cumprir uma tarefa profissional de repetição, desta vez com a limitação inevitável de já não poder gerar um genuíno efeito de surpresa.
Logo na introdução, Gervais definiu assim a cerimónia: "Os Globos de Ouro estão para os Oscars como Kim Kardashian está para Kate Middleton, apenas fazem mais barulho, são mais rascas e compram-se com mais facilidade." Para os vigilantes dos maus costumes, não bastou — tivesse ele cuspido em alguém ou alguma coisa e seria consagrado como um enfant terrible do espectáculo.
Tristes dias. E Gervais não tem culpa.
Tristes dias. E Gervais não tem culpa.