sexta-feira, janeiro 06, 2012

Quando Glass encontrou Aphex Twin...



Uma das características distintivas da geração de compositores que emergiram na América dos anos 60 e entre os quais se incluía Philip Glass era o seu interesse (e proximidade) para com as formas, nomes e referencias da música popular. Os ecos do tempo tiveram assim impacte não apenas no definir de caminhos para a sua linguagem como abriram portas a parcerias e colaborações que, ao longo dos anos, assinalaram alguns episódios marcantes da sua discografia.

Aphex Twin cruzou por duas vezes o seu caminho com o de Philip Glass (em disco, entenda-se). O compositior norte-americano assinou um arranjo para Icct Hedral, tema que em 1995 encontramos no EP Donkey Rhubarb. Outro dos momentos maiores da sua história de colaborações chegou depois quando Aphex Twin partiu da Sinfonia Nº 4 de Philip Glass (que tem como ponto de partida o clássico Heroes, de David Bowie).

A remistura, que hoje está disponível na antologia 26 Mixes For Cash (editada em 2003), toma a leitura de Philip Glass como base de trabalho. Ao juntar elementos vocais (que encontra na versão original do tema-título desse álbum de 1977 de Bowie), manipulando sons e sua arrumação no espaço, cria uma visão intrigante que consegue somar as três figuras presentes (ou quatro) – ou seja ele mesmo, Glass, Bowie e Brian Eno – sem que alguma perca visibilidade nem que alguma abafe as demais. Soberbo exemplo do que pode significar a noção de transformação no quadro de um trabalho de remistura, Heroes (Aphex Twin Remix) é um dos instantes de referencia no alinhamento de 26 Mixes For Cash onde encontramos, além de outras leituras para temas do firmamento pop (e afins) uma leitura pessoal de uma passagem de The Sinking of The Titanic, do compositor Gavin Bryars.

Podem ouvir aqui esta remistura de Aphex Twin.