terça-feira, janeiro 03, 2012

Qual é o canal generalista que mais vê?


Perguntámos aos leitores do Sound + Vision qual era o canal generalista que mais vêem na televisão portuguesa. As respostas indicam uma maioria de opções pela RTP2. Mas igualmente significativa é a votação na opção “quase não vejo televisão”. Aqui ficam os resultados:

RTP1 – 13%
RTP2 – 29%
SIC – 7%
TVI – 2%

Todos por igual – 2%

Só vejo canais de cabo – 10%
Quase não vejo televisão – 22%
Deixei de ver televisão – 9%

Outras opções – 1%

N.G.: Mais que reconhecer que a RTP2 é o mais visto dos canais generalistas pelos leitores do Sound + Vision - com 29% das escolhas superam a RTP1 (13%), a SIC (7%) e TVI (2%) – os dados mais interessantes desta breve consulta de opiniões surgem nas restantes hipóteses de resposta. 10% dos leitores já só optam pelos canais de cabo, dispensando assim a oferta generalista. E, mais incisiva ainda, a soma de opiniões que indicam um afastamento progressivo da televisão – 22% quase não vêem televisão, 9% deixaram de ver, o que representa 31% de desinteressados – deixa claras duas ideias. Que no século XXI a variedade de opções nos espaços do entretenimento, cultura e informação começam a desviar públicos do pequeno ecrã. E que, nos dias que correm, a ideia de ligar um botão para ver telenovelas, concursos ou reality shows é cenário que alguns preferem não ter pela frente.

J.L.: Com frequência, as televisões aplicam uma fórmula jornalística (?) que consiste em enviar um desgraçado repórter para a rua, com a missão de formular uma qualquer pergunta mais ou menos formatada a meia dúzia de passantes, montar tudo numa peça de dois minutos (ou menos!), proclamando depois, com uma arrogância que desafia qualquer sensatez, que "fomos ouvir a opinião dos portugueses". Não se trata aqui de aplicar a mesma demagogia: estamos apenas perante a expressão de um nicho, mesmo se é verdade que, apesar de tudo, as três centenas de votantes nesta sondagem constituem um universo ligeiramente mais alargado do que os incautos peões, nas referidas reportagens, subitamente confrontados com a pressão de uma câmara e um microfone à sua frente... Por isso mesmo, registe-se o sintoma. Que sintoma? Pois bem, o do desgaste dos modelos dominantes da televisão (dita) generalista, reflectindo uma realidade urgente e contundente, mesmo se quase ninguém — em particular dos meios televisivos e políticos — tem mostrado a serenidade e a inteligência de não tentar varrer o problema para baixo do... horário nobre. Aliás, num universo cada vez mais marcado pelas ofertas alternativas, nomeadamente do cabo, é a própria noção de "horário nobre" que importa repensar — o que nos deixa com uma verdade de La Palice: para repensar seja o que for, é preciso começar por pensar.