Kavinsky
"Nightcall"
Republic of Music
3 / 5
O que parece por vezes acaba mesmo por ser... É o que podemos dizer do francês Vincent Belorgey que, na hora de fazer discos, assina antes como Kavinsky. Andou pela estrada ao lado de nomes como os Daft Punk, Justice ou The Rapture e tem discos editados desde meados da década dos zeros. A memória de bandas sonoras com tempero a sintetizadores que recordamos dos anos 80 (de Harold Faltermeyer a Giorgio Moroder e tantos outros que encontravam caminhos para teclas em oposição às soluções para orquestra até então empregues em grande parte das produções para o grande ecrã e mesmo televisão) mora nas entrelinhas de algumas das suas ideias. E tudo parece ter feito sentido quando Nightcall, originalmente editado em 2010, surgiu como banda sonora para os créditos de Drive. De resto, esta revelar-se-ia apenas uma das várias boas surpresas de uma das mais cativantes bandas sonoras de 2011, à partitura original de Cliff Martinez juntando-se ainda contribuições de nomes como Desire, os Chromatics ou College (ft. Electric Youth, no irresistível A Real Hero). A presença do single de Kavinsky em Drive deu de repente visibilidade maior ao músico francês. E antes mesmo de nos dar a conhecer um eventual novo episódio na sua discografia, esta semana assinala-se a reedição do máxi (em vinil) que tem Nightcall como tema central. O tema surge, tal como a capa do disco o sugere, numa descendência directa de registos de teclados que fizeram escola nos oitentas e sublinha o tom de desencanto para fim de noite que os Chromatics tão bem têm ajudado a (re)definir. A canção serve assim de novo cartão de visita a um nome que está já longe de ser um estreante mas que, com a visibilidade que Drive lhe deu, tem encontrado o patamar para novo desafio. Um álbum, entenda-se.