A VIAGEM DOS ARTISTAS (1975) |
Com a morte de Theo Angelopoulos, aos 76 anos, no dia 24 de Janeiro, na sequência do atropleamento por uma moto, desaparece uma personalidade decisiva para a projecção internacional do cinema grego, em particular ao longo da década de 70. O seu conhecimento público terá sido consolidado sobretudo através de dois títulos distinguidos em Cannes, O Olhar de Ulisses (1995) e A Eternidade e um Dia (1998), respectivamente com o Grande Prémio do festival e a Palma de Ouro. Em qualquer caso, creio que é um filme como A Viagem dos Artistas (1975) que mais e melhor condensa o universo formal de Angelopoulos, em particular através do seu empenho em criar uma narrativa em que espaço e tempo surgem transfigurados pelos insólitos poderes do plano-sequência, inscrevendo na continuidade do plano a descontinuidade de eventos e datas. De certa maneira, na sequência de autores como Luchino Visconti ou David Lean, Angelopoulos foi um dos primeiros a pressentir a necessidade de repensar as coordenadas clássicas do chamado cinema histórico, por assim dizer, reconstituindo as alianças narrativas entre lugar e cena, cenografia e reconstituição.
>>> Site oficial de Theo Angelopoulos.
>>> Theo Angelopoulos no Senses of Cinema.
>>> Obituário no New York Times.